Rio - O surto de caxumba que se alastrou pelo Rio de Janeiro provocou uma correria aos postos de saúde em busca de vacinas. A imunização é a única forma de evitar a doença e tem um percentual de médio proteção de 97% segundo a Secretaria de Saúde do município. Até a noite de ontem, as autoridades sanitárias contabilizavam 606 casos suspeitos.
A Secretaria reconhece o surto de caxumba, promete manter os estoques das vacinas e pede que as famílias mantenham as carteiras de vacinação atualizadas. O comerciante Fábio Selva, de 43 anos, obedeceu às recomendações. Nesta quinta-feira, ele levou a filha Luiza de 11 anos para vacinar no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, um dos bairros com maior número de casos. “Fiquei sabendo do surto da doença e aproveitei para checar o reforço. O importante é prevenir", disse Fábio.
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O economista Marcel Reis, de 37 anos, levou os dois filhos para tomar a vacina. A filha Luiza, de 1 ano e 3 meses, recebeu hoje a primeira dose da vacina contra a doença. O filho Guilherme, de 4 anos, teve caxumba há 15 dias. Ficou doente por uma semana e foi tratado no Hospital Rio D'or. “Pelo menos não veio de forma violenta. A médica explicou que houve aumento dos casos", disse Marcel.
No posto de saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, em Jacarepaguá, os funcionários afirmaram que houve aumento da procura pela vacina. A dentista Luzia Vieira, de 65 anos, acompanhou os dois netos ao posto de saúde. Os meninos Felipe, de 7 anos, e Gabriel, de 1 ano e 7 meses, já tomaram todas as doses da vacina.
“Anotei tudo o que precisava. Vim para ver se a carteira estava em dia e está tudo direitinho. Não dá para dizer que os postos de saúde são culpados pelo surto de caxumba. A vacina sempre esteve disponível. O problema é que as pessoas só vacinam quando o calo aperta", disse a dentista Luzia.
Escolas
Vários colégios particulares comunicaram oficialmente o surto de caxumba para as famílias. O PH da Barra suspendeu as aulas depois de 44 casos de alunos doentes e da morte de uma menina de 14 anos, cujo óbito está sendo investigado pela Secretaria de Saúde.
"A gente não preconiza o fechamento de escolas”, explicou Alexandre Chieppe, subsecretário estadual de Saúde. “Com as férias, e a consequente diminuição de aglomeramento em locais fechados, o número de casos da doença deverá cair".
A direção do PH informou que está em contato com o posto de saúde da região para "no intuito de identificar os casos e orientar as famílias de nossos alunos", explica o comunicado, colado na porta da escola na unidade Barra da Tijuca.
Maiores vítimas são adolescentes
A secretaria estadual de Saúde informou ontem que não foram registrados novos casos de caxumba. Até o momento, são 66 casos confirmados e outros 606 suspeitos.
Ainda segundo a secretaria, há estoque suficiente em todos os postos de saúde do Estado. A eficácia da vacina é de 97%.
O subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, acredita numa redução de casos de caxumba nas próximas semanas em virtude das férias escolares, uma vez que a incidência de casos é maior entre adolescentes.
Escola da Barra suspende aulas para reduzir contaminação
Diante da preocupação com o surto de caxumba, a unidade do Colégio pH na Barra decidiu antecipar o encerramento do semestre para reduzir a possibilidade de contaminação entre os estudantes. Os alunos foram liberados mais cedo ontem.
“Acho desnecessário suspender as aulas. As provas seriam semana que vem. Além disso, o contato com as pessoas continua fora da escola", disse a fisioterapeuta Alessandra Abate, mãe de Enzo, aluno do quinto ano.
A advogada Ana Paula Nunes, 40, mãe de Pedro, de 15 anos, também reprovou a medida. "Vim aqui saber porque suspenderam. Acho que não precisa, mas disseram que o índice de faltas está muito grande. As pessoas estão com medo. Meu filho está vacinado".
A escola colocou avisos nos portões, comunicando alunos e pais sobre a suspensão das aulas. O texto do comunicado é o seguinte:
“ Em virtude de termos casos de alunos com suspeita de caxumba na unidade Barra II, os quais não vêm frequentando as aulas, decidimos encerrar antecipadamente o semestre letivo das unidades Barra II e III. Desforma, estamos também aceitando a sugestão de responsáveis dos demais alunos, que nos pediram tal medida, de forma a ficarem mais tranquilos, por conta dos casos da doença na região",
Na última terça-feira, a estudante Juliana de Freitas Guedes, de 14 anos, morreu vítima de encefalite. A Secretaria municipal de Saúde está investigando se a doença foi consequênica de caxumba.