Por daniela.lima

Rio - Quem caminha pela orla de Copacabana e dá de cara com uma senhora de chapéu dando de comer a dezenas de pombos pode ter a sensação de estar diante de uma cena do filme ‘Esqueceram de Mim’. Na ficção, o garoto Kevin, vivido pelo ator Macaulay Culkin, sente medo de uma mulher que passa os dias rodeada pelas mesmas aves. Na vida real, o maior perigo são as doenças transmitidas a quem insiste em alimentar os pombos. 

Senhora alimenta os pombos e vive cercada por eles na orla de Copacabana%3A cena divide opiniõesCarlos Moraes / Agência O Dia

Por serem símbolos da paz, algumas pessoas passaram a cuidar dos animais, alimentando-os com restos, pães e pipocas. Com comida de sobra e sem predadores, sua população cresceu muito nos últimos anos, invadindo edificações onde costumam fazer seus ninhos em telhados, forros, caixas de ar-condicionado, torres de igrejas e marquises.

Além dos danos ao patrimônio, devido ao acúmulo de fezes, a proliferação hoje é considerada um grave problema ambiental e de saúde. Embora pareçam inofensivos, essas aves são capazes de causar mais de 50 tipos de enfermidades ao homem e aos animais domésticos, como toxoplasmose, tuberculose e criptococose. Podem levar à morte ou deixar sequelas. “A maioria das pessoas contaminadas por fungos tem uma baixa imunidade em virtude de uma saúde debilitada”, explica Edmilson Migowski, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Foi o que aconteceu com o famoso locutor de rodeios Asa Branca, que tem Aids. A criptococose, também conhecida como doença do pombo, atingiu o sistema nervoso central do locutor. Ele mantinha em casa uma criação de pombos. Só conseguiu se curar após anos lutando contra a doença. A criptococose é transmitida por um fungo presente nas fezes das aves. Quando a sujeira seca, o fungo se espalha pelo ar e pode ser aspirado pelo homem, mesmo sem pássaro à vista. 

Risco de contágio para humanos

O infectologista Migowski explica que o maior risco de contágio se dá em ambientes confinados e longe da luz solar. “A pessoa pode ter alergias e infecções provocadas por fungos”, diz.

Apesar dos riscos, a senhora que alimenta os pombos em Copacabana parece não se importar. “A gente sabe que transmitem doenças, mas tem gente que se apega, que tem problemas de afeto. Eu não julgo”, diz a estudante Sara Mendes, de 19 anos. 

CUIDADOS

CONTÁGIO
A forma mais comum de infecções causadas por pombos é pelas vias respiratórias, através da inalação das fezes secas depositadas nos mais variados lugares, como carros, chão, janelas e calçadas. Os piolhos também são fonte de contaminação.

DOENÇAS
As doenças do pombo podem levar à cegueira, infecções no cérebro, nos pulmões e nos intestinos. As mais comuns são criptococose, toxoplasmose, meningite, salmonelose, ornitose, dermatites, alergias e tuberculose avícola.

CONTROLE
Retire ninhos e ovos; umedeça as fezes com desinfetante antes de varrê-las; use luvas e máscara ou pano úmido para cobrir o nariz e a boca; tampe buracos; instale telas em janelas e ar-condicionado; e nunca dê comida, água ou abrigo a essas aves.

Você pode gostar