Rio - De cada cem crianças do estado do Rio, 99 estão na escola. Já entre os adolescentes fluminenses que abandonaram as salas de aula antes de concluir o Ensino Médio, 495.816 formam a geração nem-nem (nem estudam nem trabalham). O funil da educação pública que deixa milhares pelo caminho não é exclusivo do estado. Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, da Unesco (órgão das Nações Unidas para a educação), mostra que, em uma década e meia, países emergentes como o Brasil conseguiram universalizar o acesso ao ensino público, porém, ainda não garantiram educação de qualidade.
A iniciativa avaliou o progresso escolar em 200 países desde 2000, quando foram estabelecidas as metas do milênio durante o Fórum Mundial de Educação em Dakar, Senegal.
Em muitos pontos da agenda, o estado saiu na frente. Enquanto os países latinos reduziram em 26% o número de analfabetos, o Rio fez muito mais: a queda chegou a 66%. Na comparação com a média global, as escolas fluminenses elevaram de 96,5% (2000) para 99% (2015) o atendimento aos estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Nas demais nações em desenvolvimento, o índice foi menor: aumentou de 71% para 85%.
SEM ATRATIVOS
No caso do Rio, no entanto, faltou tornar este ensino atraente para evitar a evasão em massa. Nesse ponto, o estado está lado a lado com o resto do mundo. Nos países de renda baixa e média, um terço dos adolescentes não termina o Ensino Fundamental. O índice é o mesmo nas escolas públicas do Rio.
Assim como em outras nações emergentes, também faltam professores qualificados na rede pública do Rio. Entre os docentes que lecionam para crianças do 1º ao 5º ano, apenas 54,6% possuíam diploma universitário. Nas creches, a quantidade de mestres graduados é ainda menor: 38,8%. A falta de preparo se reflete no aprendizado. E mais uma vez, o Rio acompanha o resultado dos países pobres em que menos da metade das crianças aprende o que deveria em Matemática.
“O conteúdo parece desconectado. A escola precisa absorver novas tecnologias”, diz a presidente da União Brasileira dos Estudantes (Ubes), Bárbara Melo. De acordo com o relatório, a educação é afetada por atrasos e déficit de professores, greves e conflitos armados. Uma cartilha que, infelizmente, o Rio vem seguindo há bastante tempo.