Rio - Uma nova ferramenta está sendo utilizada pela Polícia Civil para identificar ossadas de vítimas de homicídios: a reconstrução facial digital em 3D. Ainda na fase de testes, o procedimento já ajudou a elucidar dois crimes, onde as vítimas só foram identificadas graças ao recurso, que projetou os rostos a partir da análise dos crânios.
A tecnologia está sendo utilizada pelos laboratórios de Antropologia Forense e de Odontologia Legal do Instituto Médico-Legal (IML). À frente do laboratório de Antropologia, Marcos Paulo Machado conta com a colaboração do ilustrador em 3D Cícero Moraes, para que o procedimento se torne cada vez mais comum.
“Quando uma ossada é encontrada, normalmente a área é isolada para a perícia do local, que faz as primeiras impressões da cena. Eles encaminham ao IML, que inicia a identificação”, contou Marcos.
Os três processos normalmente utilizados pela Polícia Técnica para reconhecer a vítima são o DNA, registro de arcada dentária e impressões digitais. A reconstrução facial 3D se torna agora um desses modelos, porém, ela só é utilizada caso não haja possibilidades de os outros métodos serem colocados em prática.
“A computação gráfica consegue simular e tornar tudo mais simples. É possível recriar os indivíduos na posição que estavam, traçar a rota da bala que os atingiu, reconstruir sua face, entre outros recursos. O mais importante é que este processo esteja cada vez no nosso dia a dia, simplificando o trabalho”, disse o ilustrador Cícero.
Para Marcos Machado, a tecnologia é importantíssima. “A gente tem que saber usar esses recursos em benefício da sociedade. A ferramenta 3D deu uma evolução para a reconstrução facial forense brutal, um salto de 10, quem sabe 20 anos à frente para o nosso trabalho”, afirmou.
Evolução com custo reduzido
A tecnologia 3D também diminui o custo do processo de identificação. Um dos exemplos é que a nova técnica não requer a digitalização por tomografia computadorizada. O custo de um tomógrafo gira em torno de R$ 600 mil. Este preço e mais a instalação do aparelho, pode chegar a um custo total de R$ 1 milhão para a Polícia Técnica.
Já o método digital utiliza a fotografia, captando diversas imagens do crânio. Isso facilita o trabalho porque essas imagens são unidas através de dois programas de computador, formando a imagem em 3D. O modelo mais utilizado de câmera digital para realizar o processo custa em torno de R$ 200. Com auxílio dos programas de nomes difíceis de pronunciar, mas eficazes no procedimento, como Ptt Gui, Mesh Lab e Blender 3D, o crânio é digitalizado e a reconstrução facial começa. O processo pode durar de quatro horas até alguns dias.
Reportagem de Vinicius Amparo