Por adriano.araujo

Rio - Na Baixada Fluminense não há morador tão preocupado — e orgulhoso — com a recente estatística do Instituto de Segurança Pública quanto o coronel Roberto de Oliveira, chefe do 3º Comando de Policiamento de Área (CPA - Baixada). Há sete meses na função, ele comemora os números decrescentes de criminalidade, mas que sobem quando se fala em apreensões de drogas e armas. Isso sem esquecer os ‘calcanhares de Aquiles’ da região que abrange seis batalhões: os grupos de extermínio e a migração de traficantes do vizinho Complexo do Chapadão, em Costa Barros. Para o combate, o oficial aficcionado por números e tecnologia aposta em capacitação e valores disseminados na tropa.

O DIA: O Instituto de Segurança Pública mostra redução dos principais índices de violência da Baixada Fluminense nos últimos meses. No entanto, a sensação de insegurança parece aumentar nas ruas. A que o senhor atribui este fato?

CEL. OLIVEIRA: O aumento populacional acarreta trabalho redobrado e, em tempos de redes sociais, vários casos isolados ganham proporção que não teriam há alguns anos. Apesar disto, temos que comemorar conquistas como 211 execuções a menos no primeiro semestre, no comparativo com o mesmo período de 2014, e redução de 1.376 roubos de carros na Baixada. Os roubos de rua também caíram 15%. Queiram ou não, 2015 vem sendo um ano mais tranquilo para os moradores.

'Chapadão irradia insegurança'%2C diz coronel Roberto Oliveira%2C chefe do Comando de Policiamento da BaixadaCarlo Wrede / Agência O Dia

E como evoluir nos índices em uma região onde chegam cada vez mais criminosos de outras cidades, enquanto os batalhões não recebem reforço de contingente?

Tenho a promessa do Estado-Maior da PM de receber o reforço de mais de mil homens até o final do ano. Enquanto não chegam, é necessário agir estrategicamente: dados de ocorrências são analisados diariamente e, assim, realocamos o policiamento, evitando agravamento de crises. Outras ações simples, como o policiamento em estações de trem e terminais de ônibus em horários de pico, também contribuem.

De que forma virá esse reforço?

Com a previsão de inauguração de quatro Companhias Destacadas na área do 20º BPM (Mesquita), nos bairros da Cerâmica e Marapicu. Na área do 15º BPM (Caxias), uma em Xerém e outra na Vila Operária. Todas devem ser instaladas em até um ano.

A ação dos grupos de extermínio da Baixada vêm à cabeça de muitas pessoas quando se fala da violência nesses municípios. Qual é o trabalho de combate a grupos paramilitares e tráfico de drogas?

Hoje nós apoiamos muitos trabalhos de retiradas de barricadas e apreensões de motocicletas irregulares (foram 17 mil este ano). As ferramentas de criminosos têm que ser combatidas com frequência. Os estudos mostram que as letalidades violentas, em sua maioria, acontecem nos horários de ida e vinda dos trabalhadores. Quando não agimos em ações conjuntas com outras polícias, tentamos enfraquecer esses grupos com combate aos depósitos clandestinos de gás ou transporte alternativo irregular. As localidades de Dom Bosco e Nova Era, em Nova Iguaçu, por exemplo, são atualmente os principais focos desse tipo de crime e serão combatidos.

A Baixada também sofre com a migração de criminosos que saem de bairros vizinhos, como o Complexos do Chapadão, considerado o quartel-general do Comando Vermelho. A sensação que se tem é de impotência diante deste fluxo. Existe algum esforço de contenção?

Os complexos do Chapadão e da Pedreira irradiam insegurança, não somente para a Baixada. De fato, a localização é privilegiada. Sabemos que a Favela da Linha, em São João de Meriti, é o principal destino dos traficantes por conta da proximidade. Os trabalhos conjuntos com o 2º CPA (Zona Oeste) têm sido satisfatórios, pois montamos ações nos principais acessos à Baixada e, assim, interrompemos o fluxo. Hoje este combate é uma das prioridades.

Com quais medidas os moradores da Baixada podem contar para que os índices de violência continuem diminuindo nos próximos meses?

Com os mesmos valores e cobranças já passadas à equipe. Mas também com reforço operacional, a divisão do 24º (Queimados) e do 20º BPM (Queimados) em outras duas unidades — o que possibilitará um trabalho ainda mais esmiuçado nesses locais — e a criação dos batalhões de Seropédica e Nova Iguaçu, pois trará mais homens e diminuirá o raio de ação do patrulhamento. A atuação de Polícia de Proximidade e Companhias Destacadas também são importante e, sem as quais, julgo ser impossível avançar.

Você pode gostar