Rio - Morreu na madrugada desta terça-feira o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde, de 80 anos. Ele, que estava internado há cerca de um ano no Hospital Samaritano, na Zona Sul, lutava contra um câncer na próstata há pelo menos sete anos. O prefeito da cidade Eduardo Paes decretou luto oficial de três dias.
O ex-prefeito era casado com Rizza Conde e deixa três filhos e dez netos. Seu velório será realizado no Palácio da Cidade a partir das 18h desta terça, com enterro marcado para esta quarta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde está previsto velório de corpo presente às 11h30.
Conde ingressou tarde na política. Com 60 anos, assumiu a Secretaria Municipal de Urbanismo no primeiro governo do prefeito Cesar Maia (1993-1997) com a missão de tocar o ousado projeto do Rio Cidade, que realizou diversas intervenções urbanas nas vias mais importantes dos principais bairros cariocas.
Simpático ao PCB, que como estudante participou de movimentos estudantis, Conde filiou-se ao Partido Frente Liberal (PFL) para suceder Cesar Maia. Mesmo visto como azarão, foi eleito no segundo turno, derrotando Sergio Cabral Filho, então candidato ao PSDB. Foi prefeito do Rio entre 1997 e 2000, quando concluiu o projeto Rio Cidade, a Linha Amarela e também o Favela-Bairro. Outras marcas importantes de sua gestão são a duplicação de sete quilômetros da Avenida das Américas, na Barra, e a remodelação da Praça Quinze. Ele tentou a reeleição, mas perdeu para o agora então ex-mentor Cesar Maia, com quem trocou farpas durante a campanha.
Também foi secretário estadual de Articulação Governamental no governo Anthony Garotinho (1999-2002), secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano do governo Rosinha Matheus (2003-2006) e secretário de Cultura do Governo Sérgio Cabral Filho. Em 2007, assumiu a presidência da Furnas.
Antes de assumir a prefeitura, se envolveu em uma enorme polêmica: Ele foi expulso sob vaias do Circo Voador, durante um show da banda punk Ratos de Porão. Conde teria ido ao local para comemorar a vitória nas eleições. Três dias depois, o prefeito Cesar Maia cassou o alvará de funcionamento do Circo Voador.
Projeto hoje realizado, Conde já sonhava tornar o Rio sede dos Jogos Olímpicos de 2004, o que não se concretizou. Na época, chegou a ser representante da prefeitura carioca no conselho que buscava a vitória da cidade para o recebimento das Olimpíadas.
Em 2012, teve os seus direitos políticos suspensos por cinco anos acusado de impobidade administrativa. De acordo com a denúncia, feita em 2003, Conde instalou, sem licitação, 55 outdoors e painéis luminosos ilegais durante sua gestão na prefeitura, em vias da Barra da Tijuca e Lagoa.
Arquiteto do Rio
?Com uma carreira consolidada como arquiteto, foi um dos criadores projeto do campus do Maracanã da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Conde se graduou na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Formado, trabalhou no desenvolvimento do projeto do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). Chegou a ocupar por duas vezes a presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil.
No Governo de Carlos Lacerda, tocou projetos de escolas e centros poliesportivos, além do campus da Uerj e das escolas da Fundação Bradesco. Foi premiado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-Rio) com alguns de seus projetos arquitetônicos. Em 1987, na II Bienal Internacional de Buenos Aires, ganhou o Prêmio Interieur Forma, com o projeto para o Ginásio Esportivo em Osasco (1989). Também foi premiado internacionalmente.
Em 1995, publicou um livro com o título “Luiz Paulo Conde, um arquiteto carioca”, parte de uma coleção produzida pela Universidade de Los Andes, na Colômbia, e que tinha o objetivo de divulgar na América Latina e na Europa as obras de profissionais latino-americanos.
O ex-prefeito também foi diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, entre os anos 1990 e 1992, assim como professor titular da universidade.