Por felipe.martins

Rio - O mosquito transmissor da dengue, Aedes Aegypti, vai ter mais trabalho pela frente a partir do próximo verão. Trata-se do DengueTech, um biolarvicida desenvolvido pela pesquisadora Elisabeth Sanches, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), que está prestes a ser colocado no mercado.

Remédio promete inviabilizar o criadouro do mosquito por um período de 60 diasDivulgação

A novidade nada mais é que um tablete que contém o microrganismo Bacillus thuringiensis israelensis, conhecido como Bti. E seu funcionamento é muito simples: basta colocar o comprimido no recipiente onde pode se acumular água, mesmo que ainda esteja seco, e isso já basta para inviabilizar o criadouro por um período de 60 dias.

Quando a água chegar e os ovos do mosquito eclodirem, as larvas vão ingerir o Bti e morrerão antes de se tornarem adultos. Segundo Rodrigo Perez, diretor da BR3, empresa parceira da Fiocruz e responsável pela produção do larvicida em escala comercial, o microorganismo é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

“O controle biológico do Aedes aegypti com o Bti passará a ser sustentável, pois o Bti não permite que o mosquito desenvolva resistência. É seguro, já que pode ser colocado em água potável e não é irritante a olhos ou pele. É prático de usar e é aplicado em doses mínimas”, explica Perez.

Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 1,1 milhão de casos da doença no Brasil. As mortes por dengue confirmadas em território nacional, por sua vez, aumentaram 42% no período, passando de 306, em todo o ano 2014, para 434, no período relatado de 2015.

Para Rodrigo Perez, os números tendem a ser ainda maiores: “Estamos perdendo a guerra contra os mosquitos”, lamentou. No Estado do Rio, segundo o Ministério da Saúde, apenas em 2015 foram registradas 15 mortes em decorrência da dengue, 50% a mais do que em todo o ano de 2014, quando foram 10 óbitos foram registrados. A secretaria estadual de Saúde contesta e diz que até o momento há apenas dez casos confirmados.

“Estes números da secretaria de Saúde são curiosos, pois meu irmão teve dengue, várias pessoas no meu bairro tiveram, mas não receberam este diagnóstico para não aumentar a estatística. Todo mundo sabia que era dengue, mas os médicos não podiam sequer falar o nome da doença”, contou a empresária Verônica Heilborn, moradora de Petrópolis, na Região Serrana.


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