Rio - Suspeitos de extorquir um traficante, dois policiais civis e dois militares presos nesta terça-feira foram acusados pelo criminoso, em depoimento, de terem pedido R$ 500 mil para liberar uma jovem encontrada por eles, há duas semanas, com drogas na Faz Quem Quer.
A mulher teria sido levada para a delegacia, onde houve negociação. A jovem só teria sido liberada após pagamento de R$ 70 mil aos agentes. Outros R$ 30 mil seriam dados sexta-feira passada. Em troca, eles devolveriam a droga apreendida.
Presos em ação da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) e da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (SSINTE), segundo as investigações, os acusados teriam pedido dinheiro a André Damião de Andrade, o Velho, da comunidade Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, para não levá-lo preso sob acusação de vender drogas na região.
Entretanto, como Velho teria pago R$ 70 mil, os policiais levaram o suspeito de integrar o tráfico para a 9ª DP (Catete). A Subsecretaria de Inteligência já monitorava a negociação de valores, através de uma escuta telefônico autorizada pela Justiça, e prendeu os policiais na delegacia após fazerem o registro com o falso flagrante.
Desesperado durante a abordagem de agentes da SSINTE, um dos PMs jogou o telefone celular do traficante no lixo, alegando que descartaria um chiclete.
Foram autuados pelo crime de concussão (obter vantagem indevida no exercício de uma função pública) os policiais militares Fábio Bernardo dos Santos Reios, do 2º BPM (Botafogo); e Aleksander Viana Machado (reformado); além dos policiais civis Olavo Cerqueira Escovedo, lotado na 29ª DP (Madureira) e Robson Pierre Abreu de Souza, que foi transferido há pouco tempo da delegacia de Madureira para a 9ª DP (Catete), que vem funcionando provisoriamente na Lapa. A pena pode chegar a 8 anos de prisão, caso sejam condenados.
De acordo com a corregedora Adriana Pereira Mendes, o primeiro pagamento aos policiais foi feito há duas semanas, no entorno da própria comunidade. Os agentes continuaram em contato com o traficante e exigiram o restante da quantia. Na noite de segunda-feira, todos se encontraram nas proximidades da 9ª DP para concluir as negociações.
“Não se trata de uma situação de desvio. Foi um crime grave de extorsão. O traficante cita os policiais em depoimento e também temos testemunhas, além de relatos de delegados que confirmam a versão da vítima. Como ele não pagou o restante do valor, foi levado para a delegacia”, afirmou a corregedora.
Advogado de defesa dos PMs, José Guilherme alega que a prisão foi arbitrária.