Por felipe.martins

Rio - As críticas do coronel Íbis Silva, chefe de gabinete do comando-geral e ex-comandante da Polícia Militar, à ocupação do Complexo do Alemão, feita em 2010, repercutiram mal entre autoridades de Segurança. Nesta quinta-feira, um dia após o oficial ter afirmado no 9º Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que o trabalho de pacificação naquela comunidade “fracassou”, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame se pronunciou em dissonância.

“A pacificação do Complexo do Alemão não fracassou nem deu errado. Errado estava antes, quando esses moradores tinham seu direito de ir e vir cerceado pelos traficantes. Ali funcionava o quartel-general do Comando Vermelho, com bandidos fortemente armados. Sabemos que há pontos que temos que melhorar, mas os resultados positivos estão aí para quem quiser ver”, resumiu Beltrame.

Comandante-geral da PM na época da ação no conjunto de favelas, o coronel Mário Sérgio Duarte também recebeu com surpresa as declarações do colega de farda. “Em nenhum momento as operações se dirigiram contra a população. A ação não foi negociada porque a destituição do poder armado do nosso estado não precisa de aprovação expressa. Nem das associações e nem das ONGs que proliferam nas favelas”, disse Mário Sérgio, que também discordou da definição da cobertura da midiática que, para o coronel Íbis, foi “espetaculosa”.

“Chamar a operação de espetaculosa é desprezar o risco de vida a que se viram expostos quase três mil homens e mulheres, para retomar os bairros da Vila Cruzeiro e do Alemão mantidos sob a mira imperdoável de traficantes e seus fuzis idênticos aos utilizados por grupos terroristas”, concluiu.

A PM afirmou que as UPPs passaram por um Realinhamento Estratégico e Operacional no 1º semestre, após diagnóstico realizado ano passado, e lembrou que começa a funcionar esse ano o Centro de Ensino da Coordenadoria da Polícia Pacificadora no Complexo do Alemão.

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