Por bianca.lobianco

Rio - A caloria que engorda um pouco mais os números sobre desperdício de comida é a falta de planejamento das quantidades. Na hora da compra de alimentos e no momento de elaboração dos pratos, o exagero pode virar lixo, se a pessoa não tiver em mente as reais necessidades da família. Cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados do censo de 2010, estimaram que, em média, o brasileiro joga no lixo cerca de 20% dos alimentos que compra.

Alexandra do Vale Silva, de 32 anos, é um desses exemplos. “Na minha casa se joga muita comida fora. Meus três filhos ficam em casa e eu deixo a comida pronta antes de ir para o trabalho. Muitas vezes, eles nem tocam na comida. Comem besteira. Vai tudo para o lixo”, contou.

Alexandra Silva reclama que deixa a comida pronta em casa e%2C muitas vezes%2C vai tudo para o lixoJoão Laet / Agência O Dia

Como ela, Marilda Ângela Bento da Silva, de 52 anos, abarrota o freezer com sobras de comida. Meses depois, joga tudo fora. “É muito desperdício mesmo. Sem contar os produtos que perdem a validade na despensa”, revelou. A irmã Alaíde Ângela Bento, de 58 anos, é o oposto dela. “Reaproveito tudo”, orgulhou-se.

Na casa do empresário Carlos Brasiliano, a falta de planejamento enchia a lixeira. “Era muita coisa jogada fora. Arroz, feijão, carne, sobremesa. A cozinheira fazia a janta. No dia seguinte, ninguém queria comer a mesma comida no almoço, que acabava no lixo”, contou Cristiane Parreira Fonseca, de 39 anos, namorada do empresário.
Há seis meses as regras mudaram na família e Brasiliano conseguiu reduzir o desperdício de comida processada a quase zero, além de diminuir em 40% a quantidade de alimentos que eram comprados antes.
Em restaurantes, a la carte ou por quilo, o desperdício é bem menor. “Geralmente, as pessoas põem no prato a quantidade certa que vão comer. É muito difícil deixar sobras”, garantiu Rodrigo Cabral, de 24 anos, um dos donos do restaurante Victor, na Lapa, que vende comida a peso.

Mas quando sobram frango grelhado, verduras e legumes já cozidos, no fim do dia, o jeito é pôr na lixeira. “Não podemos reaproveitar esse tipo de alimento. Também não podemos doar. Se a pessoa deixar para consumir mais tarde, a comida pode entrar em processo de deterioração naquele espaço de tempo. Se ela ingerir e passar mal, acaba nos processando”, explicou Rodrigo.

Clique na imagem para ver o infográfico completoArte O Dia

Aires Figueiredo, um dos sócios do restaurante Nova Capela, afirmou que o advento das embalagens para viagem restringiu o desperdício. “Nossas porções são generosas. Antigamente, sobrava muita comida na travessa quando havia apenas um cliente na mesa. De uns anos para cá, as pessoas se acostumaram a pedir para pôr o que sobra nas quentinhas e levam para casa”, observou.

De acordo com a professora de nutrição Luciléia Colares, que leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o ideal é que cada pessoa ingira diariamente uma porção de legumes, verduras, carne, grãos e frutas nas duas principais refeições (almoço e janta). “Não podemos falar em quantidade, porque tem gente que come mais e gente que come menos. O melhor é estabelecer o cardápio da semana, para saber exatamente o que comprar, e observar a quantidade que cada pessoa come por dia”, ensina a nutricionista.

Outra dica para evitar desperdício está na periodicidade das compras: em vez de encher o carrinho mensalmente no supermercado, levar para casa apenas o necessário para sete dias. Os produtos não terão tempo de estragar ou perder a validade.

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