Rio - A Comissão dos Direitos Humanos e a Procuradoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vão acompanhar o caso da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, de apenas 5 anos, morta no dia 13 de agosto de 2010, após ficar 26 dias internada em coma e diagnosticada com morte cerebral no Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
Joaninha, como era chamada, apresentava sinais de tortura: hematomas nas duas pernas, corte no pé direito e na cabeça, nádegas com queimaduras e sem dois dentes. Os suspeitos, o pai, André Rodrigues Marins, e a madrasta, Vanessa Maia Furtado, indiciados pelo Ministério Público pelos crimes de tortura e homicídio qualificado por meio cruel, continuam soltos e não foram julgados. André trabalha como técnico judiciário no Tribunal de Justiça (TJ) do Rio.
“São cinco anos de espera por um julgamento. É muito tempo de sofrimento para uma mãe ver que não houve justiça. Um absurdo! Vou pedir à Comissão dos Direitos Humanos e à Procuradoria da OAB para acompanhar este caso de perto”, criticou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
Ainda segundo ele, a OAB recebe muitas reclamações sobre a lentidão da Justiça ao julgar casos que envolvem sofrimento de familiares. “Quando há dor, o caso é julgado com lentidão. Já quando envolve rico e dinheiro, tudo é mais rápido. Na verdade, a Justiça acaba cometendo uma injustiça”, reclamou Santa Cruz.
Para o defensor público Antônio Carlos de Oliveira, André é um assassino perigoso. Ele acredita que André e Vanessa possam ser julgados ainda este ano. “Quando ele conseguiu a guarda provisória da Joanna por 90 dias, ele a deixou amarrada e ela foi mantida entre fezes e urina, tanto que teve queimaduras na pele. Há provas suficientes para incriminar pai e madrasta”, afirmou o defensor.
Abalada, a mãe de Joanna, a médica cardiologista Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, de 42, pede justiça. “Ele é um psicopata que matou minha filha. Nunca vou perdoar o André. Não quero vê-los mortos, mas sim presos. Não penso em vingança. Quero justiça para a Joana, pois todos precisam saber que ele triturou a própria filha”, desabafou.
De acordo com o Ministério Público, o caso está em sigilo. A assessoria do Tribunal de Justiça explicou em nota que “houve um conflito de competência negativa entre os juízes”. Explicou ainda que os processos precisaram ser refeitos e que, agora, o juiz responsável decidirá se pronuncia os réus ou não.”
Médicos também são denunciados
?André Marins foi procurado por reportagem de O DIA para comentar o caso, mas ele não foi encontrado no TJ. Segundo uma funcionária, ele teve uma indisposição e não trabalhou na quinta-feira.
“Prometi para minha filha, quando ela ainda respirava por aparelhos, que ia honrar o nome dela, que ia lutar para que a justiça fosse feita. Minha dor nunca vai acabar”, afirmou Cristiane Ferraz, mãe de Joanna.
Além do pai e da madrasta da menina, a pediatra Sarita Fernandes e o estudante de Medicina Alexsandro da Cunha também foram denunciados. Segundo o defensor público Antônio Carlos de Oliveira, Sarita responde pelo crime de estelionato e homicídio. Já Alexsandro por exercício ilegal da profissão.