Por paloma.savedra

Rio - No ano em que o Rio comemora 50 anos do Parque do Flamengo, o espaço dedicado a esporte, arte e lazer do carioca, nascido da iniciativa da arquiteta e paisagista Lota de Macedo Soares em 1965, agoniza com casos de violência, degradação e moradores de rua. O DIA analisou registros de ocorrência de Botafogo, Flamengo, Catete e Glória. Roubos a transeunte subiram 20% nos últimos seis meses. No período, na cidade do Rio, o mesmo crime recuou 5%. E os roubos de celulares tiveram alta ainda maior: 72%.

Clique no infográfico e confira o mapa da violência na região, de acordo com moradoresArte O Dia

Nesta sexta-feira, um depois de o executivo Alfredo Hirsch, de 46 anos, ter a bicicleta roubada a pedradas, a PM prendeu um homem com faca, e a prefeitura fez mutirão de limpeza e acolhimento. O DIA mapeou os pontos mais perigosos do Aterro do Flamengo, segundo dados do 2º BPM (Botafogo), passados a associações de moradores.

Mutirão acolhe moradores de rua nos jardins do MAM. Passarela em frente é um ponto críticoSeverino Silva / Agência O Dia

As praias de Botafogo e Flamengo, a Praça Paris, na Glória, o viaduto em frente ao Museu de Arte Moderna e as proximidades dos clubes náuticos, no Calabouço, são apontados como de risco. Também há registros de violência nas proximidades do Hotel Glória, do restaurante Porcão e da Praça Nicarágua.

Iniciativas de revitalização, como a planejada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), da prefeitura, em 2014, para criar parceria público privada (PPP) que melhoraria a manutenção e gestão do Aterro, não saíram do papel.

Agentes da prefeitura põem abaixo uma ‘casinha’ no canteiro da obra da Olimpíada na Marina da GlóriaSeverino Silva / Agência O Dia

“Não precisa inventar a roda para cuidar do Parque do Flamengo. A prefeitura tem a Fundação Parques e Jardins. Os postos de gasolina, restaurantes, eventos que são organizados lá, com divulgação de marcas, poderiam pagar a um fundo gerido pela prefeitura. O parque gera muito dinheiro, mas o dinheiro não fica no parque”, criticou a advogada e professora do Mestrado de Especialização em Preservação do Iphan, Sonia Rabello.

Além dos dados oficiais, o site ‘Onde fui roubado?’, que recebe denúncias de internautas assaltados em várias cidades do Brasil, registrou 23 casos no Aterro no último mês. Entre os bairros com mais registros, Botafogo e Catete. “Todo mês, nos registros do batalhão, a área mais assaltada é a do Aterro. Acho que falta polícia. Além disso, temos a população de rua”, questionou a presidenta da Associação de Botafogo, Regina Chiaradia. “Eu não caminho mais no Aterro. É muito perigoso”, concordou Neiva Alencar, presidente da associação do Catete.

O comandante do 2º BPM, Márcio Rocha, disse que planeja novo patrulhamento para o Aterro, depois do roubo da bicicleta que deixou Hirsch com a clavícula e quatro costelas quebradas.

Moradores de rua fazem do jardim um dormitório. Praça Paris%2C ali perto%2C também padece com o problemaSeverino Silva / Agência O Dia

“Concluímos que, a partir da semana que vem, já poderemos dar maior visibilidade à polícia, para garantir a segurança para a atividade que os desportistas desenvolvem aqui durante as manhãs”, prometeu o oficial.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social informou, em nota, que atua diariamente no Aterro, acolhendo a população de rua.

Central Park tropical

O projeto da PPP para o Parque do Flamengo foi divulgado ano passado. O objetivo era justamente comemorar o cinquentenário do Aterro. “O Central Park, em Nova York, tinha problemas até piores, como assassinatos e estupros.

Hoje, 75% da receita para manutenção do Central Park vem da fundação responsável por administrar o parque”, explicou, na ocasião, o presidente do IRPH, Washington Fajardo.

A assessoria do IRPH reconheceu que os planos do Central Park carioca foram ventilados, mas que não há definição, ainda.

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