Por nicolas.satriano

Rio - A morte de Ana Lúcia Neves, 49, baleada em tentativa de assalto no Recreio, trouxe de volta adiado sonho dos moradores da região da Barra. Eles querem um ‘Big Brother’ contra o crime. O projeto prevê 10 portais com câmeras capazes de ler, inclusive à noite ou em dias de chuva, as placas dos carros roubados ou envolvidos em delitos. O plano foi entregue à Secretaria de Segurança há dois anos e não evoluiu.

Flores foram colocadas no estacionamento da academia de Ana Lúcia%2C perto do local onde um bandido a abordou e lhe deu o tiro fatalBruno de Lima / Agência O Dia

Ontem, o delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios, não descartou a hipótese de tentativa de sequestro-relâmpago. Ana Lúcia era mulher do diretor do Trem do Corcovado e vice-presidente da Associação Comercial do Rio, Sávio Neves, primo do senador Aécio Neves e sobrinho do vice-governador Francisco Dornelles.

Empresários pretendem ajudar com os custos. “A tecnologia já existe, é do Mossad, serviço secreto de Israel, e, semana que vem, vamos reunir o Conselho de Segurança, com as associações de moradores e comerciais para ouvir propostas e tentar ajudar o estado, que está sem recursos”, explicou o presidente da ONG Barralerta, Kléber Machado.

INFOGRÁFICO: Veja como será a vigilância

A ideia é que cada condomínio e prédio comercial instale câmeras. “As imagens vão para a central de monitoramento conectada à base de dados do Detran e polícias. A central aciona a PM”, detalha Machado.

Segundo a Barralerta, a região contava com nove câmeras comuns, monitoradas pelo 31º BPM (Recreio), mas apenas três estão funcionando. Além deste problema, o efetivo do batalhão é de cerca de 500 homens, o que dá uma proporção de um policial para cada 886 moradores da área coberta, que inclui as Vargens, Camorim e Guaratiba. No Estado do Rio, a conta é de um policial para 410 moradores, e na capital, cerca de 300.

“A proporção é satisfatória. Em São Paulo, são 303, e nos EUA, 400. Quanto às câmeras, não resolve tê-las e não ter homens para prender os bandidos. Elas ajudam mais nas investigações”, ressalta o ex-secretário nacional de Segurança Pública, coronel PM de São Paulo José Vicente da Silva.

O comandante do 31º BPM, tenente-coronel Sérgio Schalioni, acredita que o ‘Big Brother’ será importante. “A implantação do sistema é com certeza um ganho para sociedade, e apoiamos”, destacou o oficial.

Ana e Sávio tiveram três filhos. Família dela chega hoje de PortugalReprodução Panrotas

Vítima será enterrada nesta sexta-feira

Em meio a grande comoção de familiares e amigos, Ana Lúcia Neves, 49, assassinada quarta-feira na porta da academia onde malhava, no Recreio, foi velada ontem na Capela 2 do Cemitério São João Batista, em Botafogo. Parentes de Ana Lúcia, de família portuguesa, chegam ao Rio hoje, quando a vítima será enterrada, às

Marido da vítima, Sávio Neves chegou às 16h50 ao cemitério, sozinho e sem a companhia dos três filhos. Visivelmente abalado, o homem foi consolado por parentes e não conversou com a imprensa, ficando o tempo todo ao lado do caixão.

Tia de Sávio e madrinha de casamento da união com Ana Lúcia, Maria Lúcia Chagas Diniz mostrou preocupação com os filhos do casal. “Essa tragédia abalou muito a nossa família. Estamos sem chão. As coisas que lemos nos jornais, essas tragédias, quando chegam à gente, vemos a dureza de lidar com essas coisas. São três crianças de 12, 14 e 16 anos. Peço que rezem para eles, para que possam se conformar e ter uma vida em paz”, lamentou.

O presidente da Associação Comercial do Rio, Paulo Protásio, também esteve no velório e clamou por solução para a segurança: “Esse caso foi impactante. O bandido precisa ser punido. Dá impressão de que estão todos soltos. Ana Lúcia era uma pessoa tímida e muito doce. Lamento muito pela perda de uma mãe, que é insubstituível.”

Enviaram coroas de flores o governador Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o ex-governador Sérgio Cabral Filho, a RioTur, o Trem do Corcovado e também o senador Aécio Neves.

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