Rio - Revoltados com a ação de milicianos no Morro da Caixa D’Água e em outros pontos dos bairros Piedade e Quintino, comerciantes e moradores resolveram reagir à exploração dos grupos, que teriam envolvimento de policiais. Eles espalharam cartazes por ruas desses bairros da Zona Norte e também nas estações ferroviárias do Engenho de Dentro e de Quintino, pedindo que as pessoas denunciem.
Segundo a denúncia, o grupo paramilitar exige dinheiro de lojas e bares da Rua Clarimundo de Melo, entre outros endereços. Dependendo do estabelecimento, o valor da ‘taxa pela segurança’ pode chegar a R$ 150.
Num cartaz colado na Rua Souto, está escrito: “Chega de extorsão! Denuncie a milícia. Estamos cansados de tanta violência. Quintino chora. Chega de policiais corruptos. Ligue para a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas).”
“É um absurdo essa situação. Toda semana é a mesma coisa”, contou um morador.Mês passado, bandidos do Saçu desceram a comunidade para atacar milicianos que cobravam taxa na região e trocaram tiros com policiais do 9º BPM (Rocha Miranda), que patrulhavam a área. Na ocasião, o engenheiro Floriano Fernandes morreu ao ser atingido por bala perdida dentro de casa.
A Polícia Militar informou que o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Roberto Garcia, desconhece a denúncia de que PMs da unidade dariam apoio a milicianos e que realiza operações na região. Já a Secretaria de Segurança Pública limitou-se a informar que a Draco não divulga detalhes das investigações em andamento.
Na Operação Armagedon, em dezembro, o delegado da Draco, Luiz Augusto Braga, classificou a milícia da Caixa D’Água como violenta. “Temos muita dificuldade para investigar essa organização criminosa porque eles não deixam testemunhas, matam todas. É um grupo muito cruel”, afirmou na época.