Rio - Após investigações que duraram mais de dois anos, a Comissão Estadual da Verdade vai revelar o nome do suspeito de ser o autor do atentado que, em 1980, matou Lyda Monteiro da Silva, secretária do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, então sediado no Rio.
A divulgação ocorrerá amanhã, quando a presidente da Comissão, Rosa Cardoso, e o deputado federal Wadih Damous (PT), ex-presidente da OAB-RJ, apresentarão o relatório feito pelos responsáveis pela apuração do assassinato de Dona Lyda. Damous comandou a Comissão Estadual da Verdade até maio.
Carta-bomba
A secretária, de 59 anos, foi ferida ao abrir carta-bomba endereçada ao presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes. No mesmo dia, explodiram duas outras bombas no Rio. Uma, na Câmara Municipal, feriu seis pessoas: uma das vítimas, José Ribamar de Freitas, perdeu um braço e a visão de um dos olhos. O outro caso ocorreu no jornal ‘Tribuna da Luta Operária'.
Enterro e protesto
O atentado que matou Dona Lyda foi no antigo prédio da OAB na Avenida Marechal Câmara, onde hoje funciona a Caarj, Caixa de Assistência dos Advogados. Cerca de dez mil pessoas acompanharam o enterro da funcionária da OAB. O cortejo entre o Centro e o Cemitério São João Batista, em Botafogo, transformou-se num protesto contra a ditadura militar e os atos terroristas.
Outros casos
O ataque à OAB, entidade que atuava contra a ditadura, fez parte de um ciclo iniciado em 1979 por grupos inconformados com a abertura política no país, então presidido pelo general João Figueiredo. Diversas bancas que vendiam jornais alternativos e de esquerda foram explodidas. Em 1981, um militar morreu e outro ficou ferido quando tentavam detonar bombas no Riocentro, onde milhares de jovens assistiam a um show. Nenhum autor desses atentados foi punido.