Por nicolas.satriano

O deputado estadual Carlos Minc (PT) vai pedir hoje a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar o sumiço de armas na Polícia Militar. O pedido é com base em matéria publicada nesta segunda-feira pelo DIA, que revelou o extravio, furto e roubo de armamento em 36 das 56 unidades. Relatório da corregedoria do órgão produzido em 2011 mostra que foram 457 armas, dos quais 72 fuzis. As investigações foram abertas dois anos depois e ainda não foram concluídas.

A meta de Minc é apurar também como é feito o controle nos paióis da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e do Corpo de Bombeiros. Para a aprovação da CPI, Minc conta com o apoio mais forte poderia ter: o do presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), que já se engajou na ideia.

“É uma questão gravíssima que oxigena a violência e a corrupção policial. É dever da Assembleia Legislativa ajudar a elucidar o desaparecimento de tantas armas que deveriam estar nas mãos de policiais e não nas de bandidos”, afirmou Picciani. O presidente acrescentou que o objetivo da CPI é ajudar os órgãos. “Vou emprestar todo o meu apoio para que esta Casa consiga fazer um trabalho que colabore no aperfeiçoamento das instituições e no combate à criminalidade”, ressaltou.

Picciani: ‘. É gravíssimo. oxigena a violência e e a corrupção policial’Bruno de Lima / Agência O Dia

Levantamento feito pelo DIA mostra a ineficiência nos mecanismos da corporação para impedir o sumiço de armamento. Em 17 de janeiro de 2012, por exemplo, o então cabo Edvan Mendes Lima retirou uma pistola ponto 40 com dois carregadores e 22 munições do 4º BPM (São Cristovão). Ele foi expulso da corporação em janeiro de 2013. Mas a PM só recuperou a arma em novembro do ano passado.

“Há indícios de impunidade para os responsáveis”, avaliou Minc. O parlamentar fez questão de ressaltar que o objetivo desta CPI é focar nos paióis do estado. Ele lembrou que em 2011 houve uma comissão mais ampla que apurou tráfico de armas, munições e explosivos. “Naquela época, foram feitas recomendações à PM para o controle de seu arsenal. Mas parece que nada foi feito.”

Para Minc a falta de providências reforçam ainda mais a criação de uma nova CPI. “É preciso saber o porquê das recomendações não terem sido cumpridas. Isso aponta a necessidade de uma CPI focada nos órgãos do estado”, declarou. Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros quando chegava em casa, em Niterói. O crime foi cometido por PMs e parte da munição era da corporação.

"Ameaça à sociedade"

O relatório de 2011 aponta que no Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da PM, foram roubadas, extraviadas ou furtadas 44 armas. Do número há armamento pesado, como 17 carabinas Colt M-4, versão mais antiga do fuzil AR-15. Além de cinco fuzis calibre 7,62 e 556, também usado por traficantes de drogas.

“A impunidade é o que garante a continuidade do crime. O desaparecimento de armas do estado é uma ameaça à sociedade”, afirmou Carlos Minc. Outra artimanha que resulta no sumiço de armamento é a de PMs usarem o nome de outros colegas de farda para conseguir retirar o equipamento das reservas, o que caracteriza crime militar.

O fácil acesso dos paióis é outro ponto vulnerável na PM. Em outubro do ano passado, um carro de cor escura entrou sem resistência no Batalhão de Choque. Os bandidos roubaram 23 pistolas da corporação e cinco armas dos policiais que guardavam o local.

Agora, os investigadores da Corregedoria da Polícia Militar estão avaliando imagens captadas por câmeras da unidade. O objetivo da perícia é identificar a placa do veículo dos bandidos. “Há aparentemente muita precariedade no controle. Isso precisa ser revisto”, opinou Carlos Minc.

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