Por luis.araujo

Rio - Uma das bebidas mais consumidas do mundo, pode, em breve, voltar a ser vendida nos estádios de futebol do Rio. O projeto de lei que prevê a venda da cerveja nestes locais foi aprovado nesta quarta-feira à tarde em votação na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Pelo texto, que ainda depende da sanção do governador Luiz Fernando Pezão, continua proibida nas arenas a venda de bebidas destiladas ou outras cujo teor alcoólico ultrapasse os 14%.

A comercialização foi proibida há sete anos, após assinatura de Termo de Adendo ao Protocolo entre o Ministério Público (MP) e a CBF para reduzir a violência nos estádios. Posteriormente, em 2010, o impedimento acabou incluído no Estatuto do Torcedor.

Em frente ao Maracanã%2C os torcedores Pedro Henrique e Rafael Mattos (camisa listrada) festejamErnesto Carriço / Agência O Dia

“A Alerj acabou com uma injustiça, já que, na Copa do Mundo, para atender aos estrangeiros, houve liberação da venda de bebidas nos estádios. Por que não atendermos aos brasileiros? Igualamos os critérios, pois, em qualquer outra atividade, esportiva ou cultural, o comércio de bebidas é liberado”, argumenta um dos autores da proposta, o deputado estadual Geraldo Pudim.

O projeto também proíbe a venda de cerveja nas arquibancadas, restringindo o comércio somente em bares, lanchonetes e estabelecimentos que explorem o serviço nos estádios. Entrar com bebidas também está proibido, ficando o consumo restrito às cervejas vendidas na arena.

A maioria dos torcedores festejou a aprovação. “O problema da violência não é pela bebida. Ela acontece no seio das torcidas organizadas. A proibição não coíbe a violência”, lembrou o estudante tricolor, Matheus Lopes, de 18 anos. Já o dentista Pedro Henrique Alves Pereira, de 25 anos, também torcedor do Fluminense, foi menos otimista. “Tem a parte boa e a ruim. A galera, em geral, toma cerveja numa boa, mas tem os vândalos também, que prejudicam.”

Administradores comemoram

Para o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, o deputado estadual Luiz Martins, a proibição da venda da cerveja nos estádios gerava confusões antes das partidas. “Só servia para um consumo apressado pouco antes do início dos jogos. A proibição estimula o comércio irregular e contribui para tumultuar o ingresso dos torcedores. Acredito que o estado vá arrecadar mais impostos, que os clubes vão aumentar suas receitas e que o público poderá apreciar sua bebida de forma moderada”, afirmou.

O presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, foi pessoalmente à Alerj, na semana passada, para conversar com o presidente Jorge Picciani, que é alvinegro, e pedir que ele acelerasse a votação. “Agora, tudo ficará mais organizado e seguro e vamos ter condições de negociar contratos com as marcas de cerveja.”

Em nota, o Maracanã informou que entende que a medida contribuirá para que o torcedor antecipe sua entrada no estádio com mais conforto, evitando as filas de última hora. A expectativa é de que o retorno financeiro da concessionária aumente com a venda dos produtos e novas receitas a partir de potenciais patrocinadores, como marcas de cerveja. Segundo o projeto, os administradores são obrigados a alertar sobre a proibição da venda para menores e o risco de beber e dirigir.

Colaboraram os estagiários Yuri Eires e Jessica Toneloto

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