Por adriano.araujo

Rio - Os cinco policiais militares envolvidos na morte de Eduardo Felipe Santos Vitor, de 17 anos, e alteraram a cena do crime para forjar um auto de resistência serão indiciados por fraude processual qualificada. Eles foram presos em flagrante após a mellhor análise dos vídeos que foram feitos por moradores do Morro da Providência. A decisão foi tomada na madrugada desta quarta-feira.

Os PMs prestaram depoimento por cerca de quatro horas. Inicialmente, apenas dois deles haviam sido autuados em flagrante por fraude processual, mas após a análise dos vídeos feita pelo delegado André Leiras, da Divisão de Homicídios da Capital (DH-Capital), foi decidido que todos os policiais envolvidos no crime serão indiciados. Por volta das 5h desta quarta-feira, os policiais deixaram a DH e foram levados para o Batalhão Especial Prisional da PM, em Benfica.

"Analisando melhor as imagens eu pude perceber que os cinco policiais estavam inseridos no mesmo contexto espacial, material e temporal. Essa análise pôde me dar elementos para subsidiar a prisão em flagrante por fraude processual", disse Leiras.

As imagens enviadas ao WhatsApp do DIA (98762- 8248) indicam que quatro militares acompanharam a farsa, enquanto o quinto agente, vestindo uma camiseta branca e colete à prova de balas, atirou duas vezes com uma pistola, usando a mão do jovem junto à arma para deixar vestígios de pólvora. Antes disso, um militar ainda virou o corpo do rapaz, desfazendo o local do crime, o que não pode ser feito. Eduardo ainda estava vivo e gemia de dor, segundo testemunhas. Sem socorro, morreu no local.

LEIA MAIS

PMs de UPP são flagrados forjando auto de resistência no Morro da Providência

Mortes como a do jovem na Providência se repetem nas mãos de policiais

Mesmo com policiamento reforçado na Providência, ônibus são apedrejados

Adolescente morreu em auto de resistência forjado por PMs da UPPDivulgação

Horas antes de serem presos, porém, os policiais registraram o caso na delegacia como auto de resistência (morte em decorrência de confronto) e apresentaram uma pistola calibre 9 milímetros, munição e radiotransmissor, que alegaram ter encontrado com Eduardo.

Nas gravações, um dos PMs parece pegar uma pistola, atirar para o alto e a entregar ao policial que está de camisa branca. Depois virar o rapaz caído, colocar a arma na mão dele e dar dois tiros. Durante o vídeo, moradores relatam o momento em que o adolescente se move. “O moleque levantou a mão e gritou: ‘Ai, ai, ai, para, para. Estava rendido. Que Deus o tenha, podia ser um filho meu. Essa é a UPP! A UPP fajuta!”, desabafou uma das pessoas que filmaram a morte de Eduardo. “Eu tô tremendo as pernas. Levantei no primeiro tiro e vi o moleque levantar a mão e se render. Deram à queima-roupa. Novinho ele, gente”, contou outra testemunha.

O comandante-geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto determinou a instauração de um inquérito na corregedoria. Os PMs flagrados poderão ser expulsos ao fim das investigações. “O comando da corporação avalia como gravíssima a atitude dos policiais e não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta”, afirmou.

O secretário de Segurança José Mariano Beltrame também repudiou o ato e determinou rigor nas investigações “com punição exemplar dos responsáveis.” A DH fez perícia no local do crime à noite. Eduardo era conhecido como Pintinho e tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas, injúria e ameaça. Uma moradora contou que ele estaria com a pistola recolhida. O pai do rapaz contou que o filho era estudante e teria sido confundido.

Você pode gostar