Por felipe.martins

Rio - Fritado pelo senador Romário no PSB, o deputado federal Glauber Braga desembarcou no Psol no fim do mês passado. Na última sexta-feira, o casamento entre ele e a nova legenda foi enfim celebrado na sua primeira aparição no Buraco do Lume, onde o partido presta contas de seus mandatos toda semana. No encontro, presenças dos deputados Chico Alencar e Jean Wyllys, articuladores e incentivadores da troca de partido, e até do ex-ministro do governo Lula Roberto Amaral, um dos fundadores do PSB.

Ao DIA, o novo parlamentar do Psol relatou o sentimento de “liberdade” ao sair do partido em que militou durante 15 anos, criticou duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e fez planos como possível candidato à prefeitura de Friburgo. 

Glauber faz planos para ser candidato à prefeitura de FriburgoLeandro Resende / Agência O Dia

O DIA: Em sua fala pública, o senhor disse estar vivendo um momento de ‘libertação’ política. O Psol te dará a liberdade que o PSB não deu?

GLAUBER BRAGA: – Estou feliz com a militância do Psol, porque estou encontrando um lugar em que a prática política corresponde às teses defendidas pelo partido. Estou confortável, mas isso não quer dizer facilidade, porque as dificuldades sobram no dia a dia, na resistência política que o partido faz e que precisa ser feita no Parlamento. Me encontrei com minha alma.

A sua filiação já era esperada há alguns meses, tanto que por diversas vezes o senhor foi fotografado ao lado da bancada do Psol após votações. O vereador Leonel Brizola Neto, recém-filiado também, chegou com apoio de parlamentares, mas enfrentou alguma resistência. Como avalia o momento do partido no Rio?

Eu acho que cada filiação obedece o seu tempo próprio, sua forma de acontecer, o seu diálogo interno. O Leonel Brizola Neto é um excepcional vereador, que possui uma trajetória de luta. Não quero hierarquizar se a minha filiação foi diferente da dele. A dinâmica estabelecida pelo Psol está sendo feita, há que se passar pelas direções estaduais. Filiação é assim mesmo: o principal é dialogar, sofrer a crítica, debater entre votos favoráveis e contrários. Que bom que eu e Brizola estamos entrando num partido que possui esse debate pelas direções.

O ex-ministro Roberto Amaral falou que o PSB está diminuindo. Quadros no partido são próximos ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por exemplo, a quem o senhor e a bancada do Psol fazem oposição. Está mais a vontade para criticá-lo?

A resistência a ele deveria ser feita por todos os partidos. O Psol tem exercido um papel fundamental nessa resistência,mas nas outras bancadas deveria existir esse mesmo sentimento, um avanço contra as pautas conservadoras que estão sendo colocadas no país. É insustentável que Eduardo Cunha fique à frente da presidência da Camara. Ele já mostrou várias vezes que usa a Câmara como instrumento de defesa pessoal.

Como?

A contratação da Kroll, por exemplo, a pedido de aliados dele, para que a agência fizesse uma investigação secreta sobre delatores do esquema de corrupção na Petrobras. (Trata-se de contrato de R$ 1,18 milhão celebrado pela CPI da Petrobras com a empresa de espionagem Kroll. Um dos investigados é o lobista Júlio Camargo, o primeiro a envolver o nome de Eduardo Cunha no escândalo de corrupção). O Cunha usa a presidência da Câmara como instrumento de defesa pessoal. E com tudo aquilo que vem se avolumando nas denúncias, não há mais nenhuma condição de que ele siga à frente do Parlamento.

O Wanderson Nogueira, deputado estadual do PSB, está de malas prontas para o Psol também. O senhor vai agir nesse sentido, de estimular a troca de um partido por outro? Roberto Amaral, por exemplo?

Em 15 anos de atividade política, o PSB foi meu único partido, mas agora eu sou Psol. Esse exame interno quem deve fazer é o PSB. Não olho para lá para trazer ninguém para o Psol. O doutor Roberto é uma referência histórica da política brasileira, mas cada filiação tem seu momento, assim como a do Wanderson, que é um cara de luta.

Vai disputar a prefeitura de Friburgo em 2016?

Vamos avaliar. Meu nome está à disposição do partido para essa decisão.

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