Rio - Apesar de estar com o salário dos funcionários aposentados atrasado em dois meses, o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos, afirma que a diminuição de 25 para 14 secretarias, o corte do próprio salário, dos secretários e servidores comissionados em breve trará resultados. Essas medidas foram tomadas há um ano e a folha de pagamento dos estatutários atualmente é de R$ 10,5 milhões. Ele acredita que São João de Meriti será o primeiro município do estado a sair da crise e anunciou com exclusividade ao DIA que vai devolver ao governo do Estado a administração da UPA do bairro Jardim Íris por falta de repasse de verbas para manutenção da unidade de saúde.
Mesmo com tantos cortes no orçamento da prefeitura quais os avanços que conquistou em sua administração?
São João é um dos poucos municípios do Brasil que conseguiu erradicar o analfabetismo. Se você pegar o penúltimo levantamento, São João teve o maior crescimento do estado em termos percentuais e quarto maior do Brasil. Conseguimos avançar significativamente na Educação: peguei as 62 escolas quebradas. Já entreguei 55 reformadas e, até dezembro, entrego mais quatro. E entrego 100% até o ano que vem. Quando assumi, a gente tinha 19 mil alunos matriculados e agora chegamos a 35 mil.
De acordo com o IBGE, Meriti tem 460 mil habitantes. Trinta e cinco mil alunos em sala não é um número pequeno de estudantes?
Como eu explico criar uma escola nova quando estou com tantas quebradas? São João tem um problema de topografia, é um vale cercado por 55 morros, sem áreas livres para construção. Por exemplo, peguei o colégio Francisco Agostinho da Costa, que fica atrás do Hospital do Morrinho, no Centro. Ele tinha quatro salinhas de aula. Demoli o prédio, que estava todo rachado, quebrado e construí uma escola com cinco andares e uma quadra poliesportiva no terraço. Com isso, onde tinha quatro salas coloquei 32 salas.
A cidade tem a maior densidade demográfica da América Latina, não dispõe de áreas para construção e abriga mais moradores do que a estatística oficial do IBGE...
Em 2009, fiz uma consulta à Light, porque se a gente considerar o número de relógios medidores de luz instalados e multiplicar por 4, média de moradores em cada residência, a população chega a 700 mil habitantes, sem contabilizar gato. A partir daí, questionei o número do IBGE, mas não há interesse dos órgãos públicos federais em liberarem isso, precisariam mudar toda a divisão econômica. Quando se atrasa o salário, é porque já se atrasou o pagamento do fornecedor. Fiquei um ano sem o caminhão que ajuda a desentupir o esgoto, e a primeira impressão é de descaso.
Então o senhor só está apagando incêndios?
Prefeitos de cidades pobres no Brasil só apagam incêndios. Se sabemos que temos 700 mil habitantes mas só recebemos repasses federais e estaduais para 460 mil, a conta não bate no final do mês. O SUS repassa anualmente R$ 23 por pessoa. mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que devemos cuidar da prevenção com atendimento ambulatorial e Programa de Saúde da Família (PSF). Temos priorizado esses setores.
E como está o atendimento ao morador na área da saúde?
Quando assumimos a prefeitura, o PSF tinha 21 equipes. Reorganizamos a estrutura, chegamos a 46 e, na semana passada, conseguimos mais 37. Vamos dobrar o programa em 2016. Hoje, a gente atende 33% e quero chegar a 70% de toda a população, diminuindo a entrada na porta da emergência. Temos o PAM do Jardim Meriti e o PAM de Éden, que atende,em média, 700 pessoas por dia. Ele vai virar um hospital infantil ainda esse ano, estamos fazendo uma adaptação ao custo de R$ 500 mil.
E a UPA do bairro Jardim Íris, que está fechada desde dezembro de 2014?
Vou devolver a UPA do Jardim Íris ao governo do estado. O último valor repassado por eles foi em janeiro, quando pagaram quatro meses anteriores. Mensalmente, custa R$1,3 milhão, divididos entre governo federal, estadual e municipal.Nós arcamos com R$ 600 mil. Não é um ato político, é a realidade.
Os meritienses estão reclamando muito da alta incidência de assaltos e da violência.
Vou convocar os deputados federais da cidade, João Ferreira e Marcelo Matos, os deputados estaduais, Marcelo Simão, Iranildo Campos e Marcos Miller, e os vereadores para discutirmos a questão, que está insustentável. E depois vamos ao governador Pezão.