Por bianca.lobianco

Rio - Apesar de estar com o salário dos funcionários aposentados atrasado em dois meses, o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos, afirma que a diminuição de 25 para 14 secretarias, o corte do próprio salário, dos secretários e servidores comissionados em breve trará resultados. Essas medidas foram tomadas há um ano e a folha de pagamento dos estatutários atualmente é de R$ 10,5 milhões. Ele acredita que São João de Meriti será o primeiro município do estado a sair da crise e anunciou com exclusividade ao DIA que vai devolver ao governo do Estado a administração da UPA do bairro Jardim Íris por falta de repasse de verbas para manutenção da unidade de saúde.

Sandro Matos falou sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e sobre o alto índice de violência que assola o municípioDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Mesmo com tantos cortes no orçamento da prefeitura quais os avanços que conquistou em sua administração?
São João é um dos poucos municípios do Brasil que conseguiu erradicar o analfabetismo. Se você pegar o penúltimo levantamento, São João teve o maior crescimento do estado em termos percentuais e quarto maior do Brasil. Conseguimos avançar significativamente na Educação: peguei as 62 escolas quebradas. Já entreguei 55 reformadas e, até dezembro, entrego mais quatro. E entrego 100% até o ano que vem. Quando assumi, a gente tinha 19 mil alunos matriculados e agora chegamos a 35 mil.

De acordo com o IBGE, Meriti tem 460 mil habitantes. Trinta e cinco mil alunos em sala não é um número pequeno de estudantes?
Como eu explico criar uma escola nova quando estou com tantas quebradas? São João tem um problema de topografia, é um vale cercado por 55 morros, sem áreas livres para construção. Por exemplo, peguei o colégio Francisco Agostinho da Costa, que fica atrás do Hospital do Morrinho, no Centro. Ele tinha quatro salinhas de aula. Demoli o prédio, que estava todo rachado, quebrado e construí uma escola com cinco andares e uma quadra poliesportiva no terraço. Com isso, onde tinha quatro salas coloquei 32 salas.

A cidade tem a maior densidade demográfica da América Latina, não dispõe de áreas para construção e abriga mais moradores do que a estatística oficial do IBGE...
Em 2009, fiz uma consulta à Light, porque se a gente considerar o número de relógios medidores de luz instalados e multiplicar por 4, média de moradores em cada residência, a população chega a 700 mil habitantes, sem contabilizar gato. A partir daí, questionei o número do IBGE, mas não há interesse dos órgãos públicos federais em liberarem isso, precisariam mudar toda a divisão econômica. Quando se atrasa o salário, é porque já se atrasou o pagamento do fornecedor. Fiquei um ano sem o caminhão que ajuda a desentupir o esgoto, e a primeira impressão é de descaso.

Então o senhor só está apagando incêndios?
Prefeitos de cidades pobres no Brasil só apagam incêndios. Se sabemos que temos 700 mil habitantes mas só recebemos repasses federais e estaduais para 460 mil, a conta não bate no final do mês. O SUS repassa anualmente R$ 23 por pessoa. mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que devemos cuidar da prevenção com atendimento ambulatorial e Programa de Saúde da Família (PSF). Temos priorizado esses setores.

E como está o atendimento ao morador na área da saúde?
Quando assumimos a prefeitura, o PSF tinha 21 equipes. Reorganizamos a estrutura, chegamos a 46 e, na semana passada, conseguimos mais 37. Vamos dobrar o programa em 2016. Hoje, a gente atende 33% e quero chegar a 70% de toda a população, diminuindo a entrada na porta da emergência. Temos o PAM do Jardim Meriti e o PAM de Éden, que atende,em média, 700 pessoas por dia. Ele vai virar um hospital infantil ainda esse ano, estamos fazendo uma adaptação ao custo de R$ 500 mil.

E a UPA do bairro Jardim Íris, que está fechada desde dezembro de 2014?
Vou devolver a UPA do Jardim Íris ao governo do estado. O último valor repassado por eles foi em janeiro, quando pagaram quatro meses anteriores. Mensalmente, custa R$1,3 milhão, divididos entre governo federal, estadual e municipal.Nós arcamos com R$ 600 mil. Não é um ato político, é a realidade.

Os meritienses estão reclamando muito da alta incidência de assaltos e da violência.
Vou convocar os deputados federais da cidade, João Ferreira e Marcelo Matos, os deputados estaduais, Marcelo Simão, Iranildo Campos e Marcos Miller, e os vereadores para discutirmos a questão, que está insustentável. E depois vamos ao governador Pezão.

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