Rio - A Polícia Civil vai investigar se o policial militar Márcio Henrique Oliveira da Silva estava alcoolizado no momento em que fez os disparos que mataram a própria sobrinha, Ana Gil da Silva Ananias, de 9 anos, na madrugada de domingo, no bairro Vila Tiradentes, em São João de Meriti. A menina foi sepultada ontem à tarde, no Cemitério de Éden.
“Não descartamos a informação de que ele teria ingerido bebida alcoólica. Temos que investigar tudo. O PM será indiciado por homicídio, mas é prematuro dizer se é culposo ou doloso (quando há intenção de matar)”, acrescentou o titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Fábio Cardoso. O PM alegou na DHBF que achou que seu carro estava sendo roubado e efetuou três disparos.
O enterro de Ana Gil foi marcado por comoção. Centenas de pessoas, entre parentes e amigos da família, prestaram a última homenagem à menina. Ela foi baleada quando subia as escadas de casa, na Rua Doutor Lúcio. Muito abalados, os pais, Ana Paula da Silva e Gilberto Ananias, não quiseram falar sobre o caso. A mãe chegou a desmaiar na hora do enterro. Eles são pastores de uma igreja evangélica em Meriti.
Aiane Cristina Martins, 34, amiga de Ana Paula, contou que a família está desolada e que os quatro irmãos da menina não se conformam. “Eles choram muito e perguntam por ela o tempo todo”, disse, ressaltando que o sonho da menina era ser cantora. Ricardo Santiago, 52, é vizinho da família e ajudou a socorrer Ana. “Ela estava caída na escada e gemia de dor. O tio sempre foi excelente, uma pessoa muito boa e ajudava muito a família no que precisavam. Ele está em estado de choque”, lembrou.
Em depoimento, o PM disse ter disparado três vezes, depois de mandar o motorista, que ele achou ser um assaltante, parar e não ser obedecido. Contudo, quem estava ao volante era um primo dele, Alexander de Oliveira Alves da Silva, que pegou o carro sem avisar. Um disparo acertou o veículo, o outro feriu a menina na cabeça. Ela foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caixas, mas não resistiu.
Reportagem de Aline Cavalcante e Diego Valdevino
