Por felipe.martins

Rio - A menina que nasceu dentro de isolamento da Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, poderá, finalmente, ter um lar. Hoje, a recém-nascida que foi tirada do convívio com a mãe e encaminhada a abrigo em Pedra de Guaratiba vai receber a visita do primo de segundo grau, Alace Machado. Ele já adotou um dos filhos da prima, a detenta B., que sofre de esquizofrenia. O outro filho da presa vive sob os cuidados da tia dela, Márcia Cristina Souza.

O caso chocante foi denunciado pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Eduardo Oberg, após depoimento de presas e relatório do juiz Richard Robert, que inspecionou o presídio e descobriu que B., prestes a ter seu bebê, foi mantida em isolamento e fez o parto sozinha, dia 11.

Nesta terça-feira, Alace contou que a prima sofria há anos de esquizofrenia e, antes de ser presa, passava por tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), no Engenho de Dentro. Segundo ele, a direção da penitenciária negou que um psiquiatra do Caps fosse ao presídio atender a paciente, que dependia de remédios controlados. Alace não descarta que a mulher fizesse uso de drogas, como informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), mas disse que a família nunca teve conhecimento.

Segunda-feira, a diretora da Talavera Bruce, Andréia Oliveira da Silva, e subdiretora, Ana Paula da Silva Carvalho, foram afastadas dos cargos pela Justiça do Rio até que uma investigação sobre o caso seja concluída. Para a advogada Maíra Fernandes, que integra a Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, o caso não pode ser minimizado. “É importante aproveitar esse caso para discutir a maternidade na prisão. A falta de estrutura em presídios faz com que a gravidez nesses espaços sempre seja uma gravidez de risco”, enfatizou. 

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