Por paulo.gomes

Rio - O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar a morte de Elizangela Medeiros, de 35 anos, na última segunda-feira. Objetivo é apurar a conduta dos médicos Sebastião Bastos Soares e Juan Carlos Muñoz Vilchez, que atenderam a técnica em enfermagem no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, no mesmo local onde a paciente trabalhava.

De acordo com o conselho, a sindicância é uma espécie de fase de apuração do caso e precedo o processo ético profissional. O Cremerj solicitará o hospital as cópias de documentos, como o prontuário da paciente. Além disso, os médicos, parentes de Elizangela e funcionários da unidade de saúde serão chamados no órgão. Caso haja uma condenação, os envolvidos poderão sofrer uma advertência confidencial até a cassação do registro.

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) também se pronunciou sobre o caso. Em nota, o órgão disse ter realizado uma fiscalização nas unidades de saúde por onde passou a técnica em enfermagem, para apuração do caso. Segundo o Coren, os enfermeiros responsáveis foram notificados e deverão responder sobre os fatos ocorridos entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, dentro do prazo estipulado pela autarquia. Logo após, será feita uma investigação com todos os dados recolhidos e emitido um parecer sobre o caso.

Secretário de Saúde é convocado na Alerj

O secretário estadual de Saúde, Felipe Peixoto, foi convocado pela deputada estadual enfermeira Rejane (PC do B) para dar explicações sobre a morte da técnica em enfermagem Elizangela. Os dois vão se encontrar na próxima quarta-feira, no auditório da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no 6º andar. 

'Prefiro morrer em casa', desabafa Elizangela

Elizangela fez um desabafo em áudio e mandou para amigos através do WhatsApp. Com um tom de voz aparentando muito cansaço, Elizangela contou na gravação o drama que viveu no hospital. No áudio, com quase dois minutos, ela reclama do atendimento.

"Quando eu cheguei pela manhã, o doutor Sebastião me fez (aplicou) um Diazepam e disse que eu estava com uma crise nervosa e eu estava dispneica, cansada, pálida, sem conseguir falar... Foi como se eu não tivesse nada, fosse frescura... E pra ficar internada para esses médicos fazerem pouco caso, me tratar como um lixo... eu trato os pacientes como prioridade", disse ela.

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Ela gravou o áudio minutos após deixar o Hospital Adão Pereira Nunes, onde foi atendida na última sexta-feira, e mandada para casa, apesar das dores no peito e da falta de ar. Ela morreu na segunda-feira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Edson Passos, em Mesquita, onde chegou com os mesmo sintomas.

Técnica em enfermagem Elizangela Medeiros%2C de 35 anos%2C morreu na última segunda-feira após reclamar de mau atendimento do Hospital Adão Pereira Nunes%2C em Duque de CaxiasDivulgação

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde informou que Elizangela recebeu atendimento. Segundo a nota da assessoria, exames constataram pressão arterial levemente alta e taquicardia discreta. De acordo com assessoria, ela ficou em observação até às 15h30 quando apresentou quadro estável e recebeu alta médica.

Porém, a direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN) está apurando se houve algum desvio de conduta por partes dos profissionais que a atenderam. Ainda de acordo com a assessoria, caso as denúncias sejam comprovadas, serão aplicadas as punições cabíveis. Sobre o atendimento na UPA, a assessoria informou que Elizangela já chegou à unidade em parada cardíaca e que foram feitas manobras de ressuscitação, mas que ela não resistiu.

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