Por nicolas.satriano

Rio - Uma mulher morreu assassinada por dia no Rio de Janeiro em 2013, de acordo com o estudo ‘Mapa de Violência 2015: Homicídio de Mulheres’, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e divulgado ontem em Brasília.

Os dados mostram que, desde 2003, o estado tem conseguido reduzir o número de vítimas em relação ao resto do país: o Brasil teve 13 assassinatos de mulheres por dia, a maioria deles contra negras e executadas por familiares das vítimas.

Metade das mortes violentas de brasileiras é cometida por familiares. Desse total, 33,2% dos homicídios são executados por parceiros ou ex-parceiros.

O local e a forma da agressão também são apontados como alarmantes: o estudo observa aumento, nos últimos 10 anos, de estrangulamento e uso de objetos cortantes. Além disso, 27% desses crimes ocorreram nas casas das vítimas. No caso da morte de homens, a taxa cai para 10% do total.

O Brasil tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No Rio, a taxa ainda é alta, mas caiu para 4,5 mortes a cada 100 mil.

“Esses números deverão cair mais à medida que a mulher se empodere e denuncie as agressões”, afirmou Márcia Noeli, diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher. 

De 2003 a 2013, o número de negras assassinadas aumentou 54%, enquanto o crime contra as brancas caiu 9,8%. A chance de uma negra ser vítima fatal é 67% maior que uma branca.

Rio, exemplo de combate ao crime

Em 10 anos, o Rio foi um dos cinco estados que conseguiu reduzir o número de homicídios contra mulheres, e, agora, irá exportar técnicas de investigação do crime de feminicídio — quando a morte é motivada apenas pelo fato de a vítima ser mulher.

Segundo Márcia Noeli, representantes da ONU Mulheres virão ao Rio, na próxima semana, para debater a elaboração de um protocolo único de investigação do crime. 

“O Rio já possui um procedimento para saber se a morte de uma mulher é por razão de gênero, o feminicídio, e iremos exportá-lo para outros estados. Há que se observar o método do crime e quem o comete se é um familiar ou marido, por exemplo”, explicou a delegada da Polícia Civil.

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