Por bianca.lobianco
Rio - Em 2008, o Rio era a capital brasileira com a pior cobertura de saúde, com apenas 3,5% dos cariocas atendidos pelo programa Saúde da Família. Hoje, o atendimento chega a 48,1% da população, beneficiando 3 milhões de pessoas. A meta é chegar ao fim de 2016 com 70% da população cobertas. À frente desta revolução no setor, está o médico sanitarista pela Fiocruz e secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, no cargo há sete anos. Foi ele o responsável pelo novo Sistema de Regulação e o programa Visita Aberta, que aumentou de uma para 9 horas o prazo de visitação nos hospitais municipais.Nesta entrevista exclusiva ao DIA ele conta os planos para a cidade durante a Olimpíada e detalha a construção de mais 60 clínicas da família que serão entregues no ano que vem. Hoje são 77 clínicas nas comunidades cariocas. 
Daniel Soranz quer ampliar o número de Clínicas da Família para atender um maior número de pessoas possíveisMárcio Mercante / Agência O Dia

ODIA: Como foi possível superar a crise da Saúde ?

DANIEL: O Rio foi a capital que mais expandiu o atendimento em Saúde da Família, de 2009 para cá. Éramos considerados pelo Ministério da Saúde como um dos piores do país. Com a ampliação do programa de 3,5% para 48,1%, com a previsão de chegar a 70% de cobertura, o cenário já é bastante diferente. Não temos mais as filas de dobrar quarteirão. Mas falta ainda muito a fazer. Cada unidade leva de 6 a 12 meses para ser construída. Investimos na formação de médicos e ampliamos de 100 para 150 o número de vagas na residência. Os 80 médicos que vão se formar já vão assumir postos nas 60 unidades que serão inauguradas.
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Quanto é o orçamento?
R$ 4,9 bilhões. Em 2008, era R$ 1,8 bilhão. Saímos de 15% para 21% do orçamento, num momento em que governos diminuem investimentos na área. Vamos entregar um sistema de saúde melhor do que recebemos.
A cidade está preparada para receber 1 milhão de turistas estrangeiros que virão para a Olimpíada?
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Tem uma série de obras que estão dentro do prazo. A nova sala de trauma do Hospital Souza Aguiar deve ser entregue no início de fevereiro. No Miguel Couto, estão sendo construídos três leitos de isolamento para receber pacientes com doenças contagiosas. A previsão de conclusão é para o final de fevereiro. E ainda estão sendo substituídos geradores dos hospitais. O Centro de Informação Estratégia em Vigilância e Saúde vai monitorar todos os rumores de doenças trazidas por estrangeiros e receber notificações clínicas de pacientes de outros países. O estado vai ficar responsável por 140 ambulâncias doadas pelo Ministério da Saúde para reforçar as ações do Samu. Será montada uma policlínica dentro da Vila Olímpica e dois hospitais na Barra foram contratados para atender atletas e jornalistas.
Haverá reforço nas equipes de saúde?
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Vamos ter 30% a mais de profissionais nas unidades de urgência e emergência. O Hospital Miguel Couto será referência para as áreas olímpicas da Lagoa e Copacabana; o Souza Aguiar no Centro, o Lourenço Jorge para atender a área do Parque Olímpico na Barra e o Ronaldo Gazzola, na região de Deodoro. Foram suspensas as férias de todos os profissionais de saúde durante as competições. Já as clínicas da família e os centros municipais ficarão abertos das 8h às 20h. Além disso, as equipes de vigilância sanitária serão reforçadas para fiscalizar o preparo das 450 mil refeições que serão servidas diariamente.
Conseguir cirurgia ainda é difícil. Os pacientes têm sido encaminhados para unidades estaduais e federais?
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O Rio é a cidade com maior número de hospitais de alta complexidade. Precisamos de filas únicas. Temos que convencer especialistas do SUS a colocar vagas no Sistema de Regulação. Se todos fizerem isso, o tempo de espera por uma cirurgia cairia para menos de 30 dias. O ideal é que todas as internações ocorram desta forma.