Por bianca.lobianco
Rio - Na semana passada, moradores de Saquarema, na Região dos Lagos, foram surpreendidos por um esquema de doações de terrenos e o suspeito de ter conduzido, entre 2001 e 2008, é um ex-prefeito do município para beneficiar amigos e parentes.

Documentos, que resultaram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e ação na Justiça envolvendo 15 acusados, revelou o descaso com o dinheiro público e o desleixo com a legalidade. Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito mostrou que além das benesses do então gestor Antônio Peres, as supostas fraudes foram cercadas por falhas grosseiras nos processos administrativos.

Em 2007%2C mulher ganhava apenas R%24 420. Em dois anos%2C ela ergueu casa de dois andares em área nobreDivulgação

Na ação coletiva que tramita na Justiça, o ex-prefeito e mais 14 réus são acusados de crimes de improbidade administrativa. Até o momento 11 pessoas já foram notificadas. O documento da CPI foi encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Civil com pedido de abertura de inquérito civil e criminal contra os responsáveis e bloqueio de bens.

No documento final, o relator Paulo Renato diz que havia “uma verdadeira quadrilha, para o estabelecimentos de crimes, que visavam à reeleição do ex-prefeito Peres”.
Além do antigo gestor, o procurador e cinco secretários, os vereadores comprovaram que mais de 30 servidores da prefeitura e da câmara teriam tido vantagens no suposto esquema.

Como consta na CPI, o ex-prefeito Antônio Peres Alves desapropriou nove loteamentos no município da Região dos Lagos. A área — 448 mil metros quadrados — é maior que o Magic Kingdom, o principal parque de diversões da Disney, com 433 mil metros quadrados.

Analfabeta%2C Pedrolina assinou com o polegar. No contrato%2C porém%2C o nome dela aparece assinadoDivulgação

Os contratos destinados às pessoas de baixa renda parecem ter saído de um filme de ficção. Em um dos contratos, anexados na CPI, consta a assinatura de Pedrolina Delfina de Nazareth. Só que a senhora era analfabeta e já tinha registrado com o polegar quando fez o pedido para obter o terreno, no condomínio Vilage Mar Azul. E em mais um desses acontecimentos que fogem da realidade, segundo documentos, Pedrolina entrou com o pedido para obter o terreno, mas o contrato já estava até assinado dias antes.

“A data foi alterada porque estava no período eleitoral e, portanto, não podiam ser feitas doações pela prefeitura”, explica o presidente da Comissão Parlamentar, vereador Rodrigo Borges. Os acusados não foram encontrados para comentar o assunto.

Asfalto para receber casas e mansões
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Basta folhear algumas das 6 mil páginas do relatório final da CPI aberta pela Câmara Municipal da cidade para encontrar dezenas de irregularidades. Proprietária do terreno, a empresa Urbanil Projetos e Construções aguarda até hoje ser ressarcida pelo ato de desapropriação, no valor de R$ 3,5 milhões.
“A prefeitura apresentou um outro terreno para provar que já havia pago a desapropriação. É mais uma fraude”, diz o presidente da CPI, vereador Rodrigo Borges. A prefeitura está recorrendo da decisão judicial que determinou o pagamento. “Espero que o trabalho não tenha sido em vão. Que a Justiça puna essa quadrilha que causou grande prejuízo ao erário”, diz Borges.
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Segundo o presidente da comissão, as nove áreas loteadas não lembram em nada um conjunto habitacional popular. Ao contrário, foi asfaltado para receber típicas casas e mansões de veraneio com seus belos gramados e piscinas.

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