Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - A biblioteca pública de Niterói e a Biblioteca Parque, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, fecham as portas a partir desta quarta-feira por conta da crise financeira do governo do estado. Outras duas unidades, a de Manguinhos e a da Rocinha, consagradas por seus projetos nas comunidades, passam a funcionar em horário reduzido.
Biblioteca Parque%2C no Centro%2C será fechada nesta quarta-feiraDivulgação

A interrupção do funcionamento foi provocada pelo não repasse de recursos para as instituições. Dos R$ 20 milhões previstos no início do ano, apenas a metade chegou até as bibliotecas. Resultado, 150 funcionários estão cumprindo aviso prévio.

O governador Luiz Fernando Pezão admitiu o problema e declarou que o governo não repassa as verbas para o setor desde agosto. Ontem, ele discutiu o assunto com a Secretaria Estadual de Cultura. “Há muitos jovens na comunidade que precisam dessas bibliotecas”, lamentou Fabiana Candido, de 36 anos.“Meus filhos frequentam a biblioteca da Rocinha. Há atividades gratuitas de teatro, capoeira e dança”.

O estudante de teatro, Yago Mariano, de 22 anos, disse que usa o espaço da Biblioteca Parque Estadual do Centro do Rio para ensaiar, criar e estudar. “Aqui todos nós temos acesso à informação e à educação”, afirmou.

HOSPITAL DA UERJ

Outra vítima grave da crise financeira do governo é a Universidade Estadual, UERJ, e seu hospital-escola, o Pedro Ernesto, em Vila Isabel. Anteontem, a reitoria suspendeu as aulas na instituições por insalubridade nas instalações devido à greve dos funcionários da limpeza que não recebem salários há dois meses.

Nesta quarta-feira, foi a vez dos médicos residentes. Eles entraram em greve por falta de pagamento de suas bolsas. Os servidores da limpeza do hospital estão parados desde a semana passada por atraso de 60 dias de salários. O resultado da paralisação aparece nos corredores e banheiros cheios de lixo e no desespero dos pacientes com cirurgia atrasadas. “Estamos recebendo com atraso desde março, contamos com esse dinheiro”, lamentou a residente Giselle Torres, de 31 anos. “Estamos trabalhando em escala para não prejudicar demais a população”.

Pezão informou que estuda a possibilidade de usar recursos do Rioprevidência (fundo de pensão do Governo) para quitar as dívidas mais críticas, como a da UERJ, incluindo o Hospital Universitário Pedro Ernesto.

O desabafo do governador

O governador Luiz Fernando Pezão fez nesta um desabafo sobre a grave crise financeira que o Rio enfrenta.“Estamos cheios de problemas e vivemos momentos difíceis em várias áreas. Não é só na educação e na saúde. Tenho problemas nos presídios e na segurança pública”, declarou.

Pezão reclamou de grandes empresas que devem impostos para o Estado, disse que está negociando com elas e lembrou que até o governo federal tem dívidas não quitadas com o Rio, como a das obras do Arco Metropolitano.

O déficit atual do estado é de R$ 2,3 bilhões, segundo o governador. Ele contou que o governo estuda a possibilidade de usar recursos do Rioprevidência (fundo de pensão do Governo) para quitar as dívidas mais críticas, como a da UERJ, incluindo o Hospital Universitário Pedro Ernesto. Ele contou que chegou a postergar diversas dívidas para poder pagar fornecedores, servidores e pensionistas.

Reportagem da estagiária Carolina Moura