Por tiago.frederico
Rio - Famoso compositor da Portela, Waldir de Souza, mais conhecido como Mestre Waldir 59, morreu, na madrugada desta quarta-feira, aos 87 anos. Seu corpo será velado, a partir das 15h, na antiga quadra da escola, a Portelinha, na Estrada do Portela, em Oswaldo Cruz, Zona Norte da cidade.
Integrante da Velha Guarda Show da Portela, seu Waldir, como era carinhosamente chamado pelos integrantes da Agremiação, morreu de insuficiência respiratória, na Unidade de Pronto Atendimento do bairro do Engenho de Dentro. De acordo com a escola de samba, ele foi atendido com problemas respiratórios no local ontem, sendo liberado. Horas depois, teve uma piora, foi levado pela família de volta à UPA, e não resistiu.
Seu Waldir%2C da Portela%2C morreu aos 87 anosJ Ricardo / Divulgação

Na Portela desde os anos de 1940, Wladir 59 ingressou na ala de compositores nos anos 50. Foi autor de vários sambas-enredo da escola, grande parte deles em parceria com Candeia, incluindo o do Carnaval de 1957, "Legados de D. João VI" (Candeia, Picolino da Portela e Waldir 59), que deu o tricampeonato à agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira.

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Também foi diretor de harmonia da Portela, tendo sido considerado um dos melhores da história do Carnaval. Há anos, com a visão prejudicada por conta de cataratas nos dois olhos, o poeta nunca deixou de frequentar a quadra da escola. Participou este ano, como integrante de uma das parcerias, do concurso que escolheu o samba para 2016.
"Waldir era um bom letrista e excelente pesquisador. Estudava muito antes de fazer uma letra. Fez uns 10 sambas-enredo pra Portela, mas o de 57, na minha opinião, é o mais belo de todos. Waldir seguiu muito bem os ensinamentos de Paulo da Portela, que dizia que o sambista tinha que estar sempre bem arrumado. Ele sempre foi um portelense educado e elegante. Estava sempre muito bem vestido. Nunca apareceu na Portela vestindo short. Nunca vi o Waldir levantando a voz para ninguém", comenta Monarco, líder da Velha Guarda Show e presidente de honra da Agremiação.
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O bamba acrescenta que Waldir chegou a se afastar por breve tempo da escola onde fez história. "Nos anos 80, ele se aborreceu na Portela e foi para Unidos da Tijuca. Ficou lá por pouco tempo, mas não aceitou escrever samba para disputar com a Portela. Logo voltou pra nossa escola", afirma o presidente de honra portelense, que convidou Waldir 59 a integrar a Velha Guarda Show em 2013, para, segundo ele, reparar uma injustiça histórica da escola.
O enterro de Waldir 59 será às 10h da manhã desta quinta-feira, no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio.