Osmar ressalta que a marca de 2,5 graus de aumento da temperatura do Pacífico deverá ser a terceira mais alta já registrada desde 1950. A primeira foi em 1983 e a segunda, em 1998, quando a temperatura ficou 2,8 graus acima da média histórica. Além da elevação em 20% das tempestades com raios na Região Sudeste, está previsto um aumento de 10% no Centro-Oeste. Já no Norte e Nordeste são previstos diminuição na ocorrência de tempestades de 10% e 15%, respectivamente, em relação ao último verão.
Próximos meses terão aumento de tempestades com raios no Sudeste
A previsão se baseia no fenômeno El Niño, que começou em julho e já pode ser considerado de grande intensidade
Rio - Os temporais com grande incidência de raios, que vêm atingindo o Estado do Rio nos últimos dias, dão a prévia de como será o tempo nos próximos meses, segundo as previsões metereológicas. Quem tem medo de trovões e aguaceiros deve ir se preparando para mais sustos. De acordo com alerta do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), está previsto um aumento de tempestades, com fortes descargas elétricas, da ordem de 20% na Região Sudeste no verão, que começa no dia 21 de dezembro. A previsão, segundo o engenheiro elétrico e coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior, se baseia na análise do fenômeno El Niño, que começou em julho e já pode ser considerado de grande intensidade.
“O El Niño tornou as águas do Oceano Pacífico bem mais quentes, a quase 2,5 graus acima da média histórica. Isso mexe com a camada de toda a atmosfera da América do Sul. Os aguaceiros, com raios, virão com maior força”, adianta Osmar, ressaltando que o período mais crítico será entre 23 de dezembro e 23 de março de 2016. “É justamente neste espaço de tempo que, historicamente, ocorrem 90% das tempestades fluminenses. O quadro futuro nos revela que os cariocas terão chuvas bastante rigorosas”, adverte.
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“Ao cruzarmos estes percentuais de previsão com a densidade populacional, somos levados a pensar que o número de acidentes, inclusive com mortes por raios, no próximo verão, pode aumentar, se não alertarmos adequadamente as pessoas sobre os efeitos do El Niño”, esclarece Osmar.
O pesquisador observa que, no Rio, há grandes possibilidade de incidentes com raios por conta das praias. “O melhor a fazer ao ver uma tempestade se aproximando, é procurar um abrigo seguro. Jamais ficar em área aberta, como praias, ou sob árvores, por exemplo”, aconselhou.
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Nesta semana, sobretudo na madrugada de segunda-feira, os raios já assustaram cariocas. Nas redes sociais, os internautas relataram grandes estrondos, que seriam trovoadas. Segundo o Elat, foram 28 raios que atingiram o solo na cidade, entre 2h20 e 4h40. Segundo o Climatempo, hoje, há previsão de chuvas a qualquer hora, mas não de tempestades.
Último trimestre teve aumento de 52% nas descargas elétricas no Sudeste
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Dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDAT), relativos ao último trimestre, já sob o efeito do El Niño, confirmam a tendência do aumento de tempestades com raios. No Sudeste, entre os meses de agosto, setembro e outubro, foram registradas 480 mil descargas elétricas, contra 310 mil no mesmo período de 2014, aumento de 52%.
De acordo com Osmar Pinto Júnior, esta elevação é preocupante e parece indicar que não só a ocorrência de tempestades mas também a intensidade vem aumentando em decorrência do El Niño.
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“Os resultados mostram que durante eventos de El Niño muito fortes como este, o número de ocorrência de tempestades não fica mais restrito ao Sul do país, atingindo o Sudeste e parte do Centro-Oeste”. Segundo o Elat, descargas elétricas matam, em média, 128 pessoas por ano no Brasil. São Paulo lidera com média de 28 mortes a cada 365 dias. O Rio tem oito mortes anuais por descargas de raios.
O INPE, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação usou os números no livro “Brasil: Que Raio de História”, recém-lançado. O livro justifica porque o Brasil é o campeão mundial em incidências de raios. “Os resultados mostram que mortes por raios tem diminuído gradativamente e que a idade das vítimas está sendo reduzida (68% delas, nos últimos 15 anos, tinham até 24)”. Dez anos antes, essa faixa etária era de até 40; e que 7% a mais de pessoas têm morrido dentro de casa, assim como praticando atividades agropecuárias (25%). Celulares e outros eletrônicos na tomada na hora de temporais seriam a principal causa de mortes.
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Só pancadas de chuva não solucionam a crise hídrica
Além de poupar os cariocas do calor, as chuvas dos últimos dias aliviaram também os reservatórios de água que abastecem a Região Metropolitana do Rio. De acordo com a Agência Nacional de Águas, o volume útil da Bacia do Rio Paraíba do Sul — responsável pelo fornecimento para o Sistema Guandu — chegou a 7,35% na segunda-feira. Os reservatórios de Paraibuna, Santa Branca e Funil apresentaram aumento de volume.
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A Cedae garante que não há risco de racionamento de água no Rio de Janeiro e que a produção da Estação de Tratamento de Água do Sistema Guandu mantém média de 43 mil litros de água produzidos por segundo.
Especialistas advertem, porém, que pancadas de chuvas, como as que têm ocorrido, não são suficientes para solucionar a crise hídrica. Segundo eles, temporais são uma espécie de “ouro de tolo”, já que a principal solução para a escassez de água está no reflorestamento no entorno das bacias hidrográficas.
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“O desmatamento na bacia do Rio Paraíba do Sul chega a 70%. Não há árvores para segurar água de chuva, que escoa rapidamente pelos rios, provoca enchentes, causa destruição, e termina salgada no mar. Os gestores em meio ambiente são incompetentes, não conseguem enxergar isso”, critica o engenheiro Adacto Ottoni, coordenador do curso de Especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental da Uerj.