Por felipe.martins, felipe.martins
Chefe da Polícia Civil admite que ficou chocado com inquérito da DH sobre o caso EduardoPaulo Araújo / Agência O Dia

Rio -  O chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, participou, nesta quinta-feira, da CPI dos Autos de Resistência, na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ao final da audiência, Veloso foi indagado pelos jornalistas a respeito da decisão da Justiça de aceitar denúncia contra o policial militar Rafael de Freitas Monteiro Rodrigues, acusado do assassinato do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, em abril, no Complexo do Alemão, na Zona Norte. A decisão acatou parecer do Ministério Público, contrariando o inquérito da Delegacia de Homicídios, que havia isentado de culpa o policial.

"A minha opinião pessoal, como cidadão carioca, como pai de família, como filho, eu fiquei chocadíssimo com isso. Mas eu, como chefe de polícia, em nenhum momento chamei o doutor Rivaldo (delegado titular da DH) e falei: Nós vamos mudar isso porque isso vai trazer um problema para a instituição. De forma alguma. Eu seria o último a fazer isso. Eu não tratei da investigação, eu não ouvi as peças, mas eu fiquei chocado. Eu confio na competência dos policiais que trabalham na Delegacia de Homicídios, mas eles são pessoas. Será que eles erraram 100%? ", indagou Veloso.

Publicidade
Divergências entre DH e MP
O inquérito da Delegacia de Homicídios concluiu que os policiais agiram em legítima defesa ao reagirem a ação de traficantes. Um dos tiros disparado pelo policial militar acabou, segundo a DH, acidentalmente atingindo o menino Eduardo. 
Publicidade
No entanto, o Ministério Público apontou inconsistência e incoerência no resultado final do trabalho da Polícia Civil. A promotoria destacou que o relatório de local do homicídio feito no dia do crime pela perícia da DH apontou que não foram recolhidos estojos, cápsulas de bala ou outro material que levasse à conclusão que ali houve um confronto entre policiais e criminosos. No entanto, o laudo final afirma que foram encontrados três estojos de calibre .40.
Sobre a divergência entre MP e DH, Veloso preferiu não entrar no mérito, mas aguardar a decisão da Justiça. "A gente tem que aguardar a sentença final. A gente tem que ter serenidade. Nenhum de nós fica satisfeito em saber que a morte de uma criança vai ficar sem uma resposta. Mas o perito não pode se levar por essa emoção, ele tem que ser técnico. A DH pode estar certa ou pode estar errada. O MP pode estar certo ou pode estar errado. O juiz pode manter a avaliação inicial de receber a denúncia e condenar ou não. Contradição pode ser até salutar, são formas de perceber determinado fato. O processo tem de chegar até o final, mas a palavra final é do juiz", disse Veloso. 
Publicidade

Você pode gostar