Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Após a operação que desmontou a organização conhecida do Máfia do Táxi, a prefeitura de Niterói decidiu recadastrar os 1.906 táxis licenciados que rodam na cidade. De acordo com o subsecretário Leandro Nigromonte, o formato de fiscalização será anunciado nos próximos dias. O recadastramento irá começar na primeira semana de dezembro. A investigação policial e do Ministério Público indica que os taxistas pagavam cerca de R$ 5 mil para entrar na quadrilha e ainda transferiam mensalmente quantia de R$ 650 para os líderes. O grupo contava com relojoeiros, que instalavam os taxímetros.
Roberto Carlos da Costa%2C suspeito de liderar máfia do táxi%2C foi preso nesta quinta-feira com outros 18 acusadosEstefan Radovicz / Agência O Dia

Para o promotor de Justiça do Gaeco, Sérgio Luís Pereira, há indícios de que havia policiais envolvidos no crime, e que o dinheiro acumulado era usado para apoiar campanhas políticas. “Esse esquema nunca teria funcionado se não tivesse raízes na própria Secretaria de Transportes. Vamos investigar e descobrir as identidades de todos os servidores e policiais. Toda a população foi colocada em risco com esses marginais ao volante”, contou.

Os integrantes da quadrilha foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva, receptação, organização criminosa, falsificação de selo e de documento público e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

Operação prende 19 suspeitos
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O Ministério Público do Rio vai investigar se integrantes da organização que ficou conhecida como Máfia do Táxi financiavam campanhas políticas em Niterói, na Região Metropolitana. O grupo seria responsável por 600 táxis piratas no município. O faturamento é estimado, somente com os valores das diárias, em R$ 27 milhões por ano.
De acordo com as investigações, a quadrilha atua ao menos desde 2010, com a liderança dos servidores públicos, Roberto Carlos Brito da Costa, o Betinho, e Alexander Soares Schroeder, conhecido como Shrek, da Subsecretaria Municipal de Transporte, responsável pela fiscalização dos táxis.
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Alexander e Roberto, dois dos 19 presos nesta quinta-feira na operação batizada de Bandeira Preta, são funcionários concursados da prefeitura desde 2003 e 1981, respectivamente. Nenhum deles ocupava cargo de chefia na atual gestão, mas tiveram cargo de chefia na gestão anterior, de Jorge Roberto Silveira.
Alexandre foi exonerado do cargo de diretor-geral da Secretaria Executiva da Prefeitura de Niterói em 31 de dezembro de 2012. Já Roberto, em 1º de março de 2010. Eles foram suspensos de suas funções. Um processo administrativo disciplinar foi aberto para investigar a conduta deles. Se condenados, podem ser expulsos.
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A ação, que contou com agentes da Subsecretaria de Inteligência da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, da Corregedoria Geral Unificada e do Gaeco, tinha como objetivo cumprir 24 mandados de prisão e 52 de busca e apreensão em Niterói, São Gonçalo e no Rio.
Para o delegado Luiz Augusto Bastos, responsável pelo caso, há indícios de que os acusados estiveram envolvidos no assassinato do ex-subsecretário de Transportes de Niterói, Ademar Reis, em 2010 depois de investigar por conta própria a atuação da quadrilha. “Depois da execução, os criminosos pararam de atuar por alguns anos, e voltaram à ativa em 2013, com um novo esquema”, afirmou.