Depredações de monumentos e ônibus dão prejuízo de R$ 17 milhões por ano
Estátua de Carlos Drummond de Andrade acordou na quarta-feira sem os óculos pela nona vez
Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - O Rio vai gastar R$ 17 milhões para reparar estátuas e ônibus depredados ao longo de 2015. Os dados alarmantes, que surgem em meio a crise econômica, são da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva) e da Fetranspor. Retratam o custo do vandalismo para o carioca. A mais recente vítima, a estátua de Carlos Drummond de Andrade, acordou na quarta-feira sem os óculos pela nona vez.
A cidade possui 1.200 monumentos e chafarizes. Segundo a Seconserva, destes, 99 foram alvos de vândalos de janeiro a novembro. No ano passado, 66 monumentos foram depredados. Em 2013, 83 obras foram danificadas.
O monumento a Drummond, na orla de Copacabana, recebeu o carinho de turistas, como Tatiana dos Santos. Avaliados em R$ 3 mil, os óculos roubados representam ainda um descaso com um dos maiores poetas brasileiros.
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O ataque ocorreu menos de duas semanas após Tom Jobim perder parte de seu violão, no Arpoador, e Michael Jackson ter pés arrebentados, no Santa Marta. Para o engenheiro Chequer Jabor, que caminha todos os dias pela Praia de Copacabana, a falta dos óculos não passou batida. “Isso mostra a educação do povo, não?”, questiona. A portuguesa Zulmira de Melo também lamentou sua depredação. “Uma pessoa em sã consciência não faz uma coisa dessas”, disse ela. “É ruim para o brasileiro, que tem fama de ser hospitaleiro”, crê.
Além de Drummond, a estátua de Noel Rosa, em Vila Isabel, também foi alvo de vandalismo na madrugada de quarta-feira. A Seconserva estima que o gasto anual para limpeza e revitalização de monumentos e chafarizes seja de R$ 2,5 milhões.
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Reposição dos veículos custa R$ 12,5 milhões
Não são só nos monumentos que as depredações pesam, nos transportes públicos, elas têm alto custo. Segundo o Consórcio BRT, cerca de R$ 1,8 milhão são gastos anualmente em reparos. Um dos últimos casos aconteceu há 20 dias, quando um camelô destruiu as portas da Estação Rio 2 e provocou prejuízo de R$ 30 mil.
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Os ônibus comuns também sofrem com depredações. Segundo a Fetranspor (federação das empresas), 36 ônibus foram incendiados no estado só este ano. O gasto para reposição dos veículos é de R$ 12,5 milhões, e o prazo para substituição chega a seis meses. O impacto causado pelos ataques deste ano atingiu 2,5 milhões de passageiros que deixaram de ser transportados.