Por marlos.mendes
Rio - Em depoimento prestado na Delegacia da Pavuna, uma testemunha contou que os cinco jovens assassinados no último sábado em Costa Barros estavam rendidos, com as mãos para o alto, quando foram alvejados pelos policiais militares A testemunha estava numa moto e passava pelo local na hora da chacina.
Revelada ontem pelo jornal Extra, a informação contraria a versão dos quatro militares presos acusados do crime. Eles insistem em afirmar que um dos rapazes teria reagido à abordagem e que na hora dos disparos havia um tiroteio entre facções rivais de traficantes. No começo da noite de ontem, cerca de 100 pessoas fizeram um protesto em frente ao Palácio Guanabara contra a versão dos policiais.
Deputados foram ao presídio ouvir a versão dos policiais acusados Severino Silva

Ainda ontem, deputados estaduais integrantes de CPIs de segurança pública do Rio ouviram os quatro policiais acusados. Presos na Unidade Especial Prisional (UEP), em Niterói, eles repetiram que um dos rapazes mortos teria atirado contra eles. A perícia técnica, no entanto, não achou vestígio de pólvora na mão de nenhuma das vítimas e suspeita de alterações na cena do crime para forjar um tiroteio.

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Segundo o deputado Wanderson Nogueira (PSB), os policiais afirmaram que teriam atirado menos vezes, no total, do que os 63 tiros contados na lataria do carro. De acordo com o presidente da CPI dos Autos de Resistência, Rogério Lisboa (PR), a comissão já apresentou propostas para melhorar a apuração de crimes policiais.
“Sugerimos o uso de câmeras nos coletes, mas encontramos resistência por parte dos comandantes. É estranho que ainda não haja imagens desse caso, inclusive, pois o uso da câmera na viatura é obrigatório”, disse. Lisboa ressaltou o alto índice de mortes decorrentes de ações policiais no Estado do Rio. “São cerca de 600 casos por ano, contra apenas três no DF”, disse o deputado.