Por marlos.mendes
Rio - Trezentas e dezoito pessoas foram mortas em Duque de Caxias em decorrência de ações da Polícia Militar nos últimos cinco anos. O número chocante é apenas um dos que figuram a desigualdade nas ações da PM no Estado do Rio. O levantamento mostra que, no mesmo período, cinco mortes foram registradas na Zona Sul da capital. Ou seja, o município da Baixada, com população inferior ao dessa região, teve 63 vezes mais autos de resistência.

O levantamento foi feito pela ONG Justiça Global, com dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP), e está disponível no site: ondeapoliciamata.org. De janeiro a julho deste ano, 410 pessoas foram mortas no estado em confronto com a PM, um aumento de 18,6% em relação ao mesmo período de 2014. O número de mortes em 2014 já havia superado em 40% as ocorrências registradas em 2013.

Gráfico exibe mapa de autos de resistênciaInfografia O Dia

Os dados, para Isabel Lima, coordenadora de Violência Institucional e Segurança Pública da Justiça Global, não podem ser considerados normais. Segundo ela, eles demonstram a disparidade social na forma de agir dos agentes de segurança em diferentes áreas da cidade. “Precisamos dar visibilidade a territórios de desigualdade”, aponta.

De acordo com a pesquisadora de Violência Institucional e Segurança da ONG, Natália Damazio, o maior índice de mortes ocorre na área do 41° BPM (Irajá). Ela lembra que o batalhão nasceu de uma divisão de território do 9° BPM (Rocha Miranda). “Antes da formação do 41°, o 9° aparecia como um batalhão altamente violento”, acrescenta. Segundo Natália, existe uma forma de policiamento naquela região que é mais letal do que em outras áreas da cidade. E, para ela, a prova disso seriam as mortes dos cinco jovens em Costa Barros na semana passada.