Por marlos.mendes
Rio - Para o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque, os 39 tiros que interromperam as vidas de Wesley, Roberto, Carlos, Cleiton e Wilton — os cinco jovens mortos por PMs em Costa Barros — provam que eles foram fuzilados. Conforme O DIA antecipou domingo, os laudos de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) mostram que todos os rapazes foram baleados pelas costas.
“Os laudos não deixam margem de dúvida. Esses rapazes foram executados. O que lamentavelmente não representa uma exceção. Essa é a regra na periferia, onde jovens negros são o principal alvo de uma política de segurança que enfatiza o enfrentamento”, acredita Atila Roque.
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De acordo com os legistas da Polícia Civil, Wesley Rodrigues foi atingido por 12 tiros, Roberto Penha; 11, Carlos Souza; oito. Os três estavam no banco traseiro do Palio, que apresenta 62 perfurações de tiros, 80% disparados de fuzis.
Na parte dianteira do veículo, estavam Cleiton Correa de Souza, atingido por cinco tiros, e Wilton Domigos Jr, morto com três disparos. Os laudos revelam que os 39 tiros que atingiram os cinco jovens se concentraram no dorso, pescoço e nuca. Eles voltavam do Parque de Madureira, quando foram abordados pela patrulha do 41º BPM (Irajá).
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Na manhã de hoje, a Anistia Internacional Brasil vai entregar ao governador Luiz Fernando Pezão o manifesto “Queremos ver os jovens vivos”, que reúne 61.700 assinaturas.
A iniciativa faz parte da campanha Jovem Negro Vivo, que tem como objetivo chamar a atenção para o alto número de homicídios no Brasil, em especial entre a juventude negra. Por ano, das 56 mil vítimas de homicídios, mais da metade é de jovens, sendo 77% negros.