Por marlos.mendes
Rio - De acordo a perícia realizada pelo Instituto Médico Legal, os jovens assassinados por PMs em Costa Barros, na Zona Norte, no último dia 19, receberam 30 tiros. Para o diretor do Instituto de Criminalística Carlos Eboli, Sérgio William, ficou comprovado que não houve confronto, já que não foi identificado vestígio de pólvora na mãos das vítimas e não há indícios de disparos feitos de dentro do carro.
Segundo Adriane Rego, diretora do Instituto Médico Legal, Roberto de Souza Penha, de 16 anos, foi alvo de dez tiros. Cleiton Corrêa, de 18, e Wilton Esteves Domingos, de 20, foram atingidos sete vezes cada. Já Wesley Castro, de 25, e Carlos Eduardo Sousa, de 16, apresentavam, cada um, três marcas de tiro. A maior parte dos disparos atingiu as vítimas de trás para a frente. O tronco foi a área mais atingida. O inquérito ainda não foi concluído e deve ser enviado pelo delegado da 39ª DP (Pavuna), Rui Barboza, ao Ministério Público e à Justiça até esta quarta-feira. 
Publicidade
De acordo com Sérgio William, foram disparados, ao todo, 81 tiros contra o veículo. "Foi crucial o depoimento da testemunha, que é surda e muda. Ele detalhou com clareza e disse que o carro estava parado quando foi alvejado e os jovens não saíram do veículo", disse. "Houve fraude processual, as coisas não aconteceram como os policiais contaram", afirmou.
Quatro fuzis que estavam com os PMs foram periciados. "Os projéteis do Fuzil 762 e da pistola .40 que foram tirados de dentro dos cadáveres serão levados para fazer o confronto balístico", explicou o delegado.
Publicidade
Anistia Internacional não tem dúvida que jovens foram fuzilados
Para o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque, os 39 tiros que interromperam as vidas de Wesley, Roberto, Carlos, Cleiton e Wilton — os cinco jovens mortos por PMs em Costa Barros — provam que eles foram fuzilados. Conforme O DIA antecipou domingo, os laudos de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) mostram que todos os rapazes foram baleados pelas costas.
Publicidade
“Os laudos não deixam margem de dúvida. Esses rapazes foram executados. O que lamentavelmente não representa uma exceção. Essa é a regra na periferia, onde jovens negros são o principal alvo de uma política de segurança que enfatiza o enfrentamento”, acredita Atila Roque.
De acordo com os legistas da Polícia Civil, Wesley Rodrigues foi atingido por 12 tiros, Roberto Penha; 11, Carlos Souza; oito. Os três estavam no banco traseiro do Palio, que apresenta 62 perfurações de tiros, 80% disparados de fuzis.
Publicidade
Na parte dianteira do veículo, estavam Cleiton Correa de Souza, atingido por cinco tiros, e Wilton Domigos Jr, morto com três disparos. Os laudos revelam que os 39 tiros que atingiram os cinco jovens se concentraram no dorso, pescoço e nuca. Eles voltavam do Parque de Madureira, quando foram abordados pela patrulha do 41º BPM (Irajá).
Na manhã de hoje, a Anistia Internacional Brasil entregou ao governador Luiz Fernando Pezão o manifesto “Queremos ver os jovens vivos”, que reúne 61.700 assinaturas.  A iniciativa faz parte da campanha Jovem Negro Vivo, que tem como objetivo chamar a atenção para o alto número de homicídios no Brasil, em especial entre a juventude negra. Por ano, das 56 mil vítimas de homicídios, mais da metade é de jovens, sendo 77% negros.
Publicidade