Por paulo.gomes
Rio - Após cinco meses de investigação, quatro PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram presos nesta sexta-feira acusados de receber propinas de traficantes para revelar informações sigilosas sobre operações da polícia em comunidades, além de negociar armas apreendidas.
Um policial acusado de participar do esquema continua foragido. Em entrevista coletiva, o comandante do Bope, tenente-coronel Carlos Sarmento, disse que as investigações começaram após uma operação mal sucedida na comunidade Faz Quem Quer, em Rocha Miranda.
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"Achamos muito estranho, marcamos uma operação para meia-noite e quando entramos na favela, não encontramos nenhum cachorro na rua, nenhum foguete, nenhuma sinalização. Percebemos que nossas operações estavam sendo vazadas", contou.
Operação frustrada em favelas desencadeou investigações contra PMs do Bope ligados ao tráficoEstefan Radovicz / Agência O Dia

Estão presos o cabo Maicon Ricardo Alves da Costa e o soldado Raphael Canthé dos Santos, ambos lotados no Bope; o terceiro-sargento André Silva de Oliveira, lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP), e o cabo Silvestre André da Silva Felizardo, lotado do 15ºBPM (Duque de Caxias), que é apontado com o líder do grupo. Rodrigo Meleipe Vermelho Reis, que está nos Estados Unidos, é o único foragido.

LEIA MAIS: PMs do Bope são presos acusados de ligação com o tráficoDurante a Operação Black Evil (Mal Negro, em inglês, referência à farda do Bope), também foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos aparelhos eletrônicos, armas, munições, granadas, agenda com telefones de traficantes, celulares, rádios-transmissores, além de R$ 78.400 em espécie. O dinheiro foi encontrado na residência de Rodrigo Meleipe.
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"Nos últimos cinco meses, identificamos quem estavam vazando as informações. Mas eles não foram exonerados para que pudéssemos obter mais provas. Dividimos os policiais, colocando em equipes diferentes e vazando também informações falsas", revela o comandante.
Além do Faz Quem Quer, os cinco PMs tinham contato com traficantes da Covanca, Jordão e Barão, em Jacarepaguá; Antares, em Santa Cruz; Vila Ideal e Lixão, em Duque de Caxias; Complexo do Lins, no Méier e Complexo do Chapadão, em Costa Barros. Segundo as investigações, eles recebiam de R$ 2 mil a R$ 10 mil por semana em cada comunidade.
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Reportagem de Clara Vieira