Por thiago.antunes

Rio - Um lastro de pelo menos oito vítimas de tiro de fuzil e tortura na madrugada de plantão de oito PMs presos administrativamente sexta-feira é investigado pela Polícia Civil. A violência em serviço começou a ser revelada por cinco jovens que sofreram agressões, roubo e abuso sexual em Santa Teresa. Após O DIA denunciar o caso com exclusividade, mais três pessoas relataram que foram aterrorizadas pelos militares da UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro na noite de Natal. Os casos foram registrados na 6ª DP (Cidade Nova).

LEIA MAIS: Polícia Civil investiga PMs da UPP do Fallet após denúncia de tortura e roubo

Loreyne foi baleada de raspão na bochechaMaíra Coelho / Agência O Dia
“Se eu fosse PM não daria tiro à toa”, desabafou a auxiliar administrativo Loreyne Gomes, 22 anos, atingida por tiro de fuzil na bochecha esquerda, por volta das 2h. Ela voltava da casa da sogra, no Catumbi, na garupa da moto do namorado, quando foi baleada, na Rua João Ventura. Um dos PMs presos teria assumido a autoria do disparo.
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A jovem contou que o namorado, Patrick de Jesus, 21, resolveu dar meia volta, já que o casal estava sem capacete, quando viu os policiais abordando um motociclista de forma truculenta. Em seguida, um deles atirou. “Decidimos retornar, quando senti algo queimando o meu rosto e vi o sangue”, relatou. Moradora do Morro da Mineira, a vítima foi levada pelo namorado ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde levou 20 pontos e recebeu alta na tarde de sexta-feira. Loreyne foi ontem ao Instituto Médico-Legal (IML) fazer exame de corpo de delito.
Uma mulher, que, por medo, não quis dar entrevista, denunciou na página do Facebook ‘Rio Comprido Alerta’ que seu marido foi espancado e roubado pelos mesmos policiais em blitz na Rua do Catumbi. “Levaram relógio, anel e R$ 320 que ele passou o dia trabalhando para conseguir”, escreveu. Ela enviou fotos dele com ferimentos na boca e nuca.
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Outro rapaz, que preferiu não se identificar, relatou as agressões na mesma página do Facebook. “Apanhei do mesmo polícia (sic) ontem no Catumbi. Polícia (sic) safado. Ele achou que falei cheio de marra (...)”, afirmou, mostrando foto de marcas vermelhas nas costas.
CPP não divulga nome de policiais

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora não revelou os nomes dos policiais suspeitos porque o inquérito não foi concluído e a culpa dos PMs não está comprovada. Os oito policiais estão presos administrativamente até que a Delegacia de Polícia Judiciári<CW-15>a Militar termine as investigações. A 6ª DP instaurou inquérito para apurar e agentes realizam diligências em busca de provas, informou a Polícia Civil.
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Os cinco jovens que denunciaram a agressão em Santa Teresa quando voltavam de uma festa, às 4h30 do dia 25, disseram que não receberam seus pertences de volta. Eles haviam relatado que tiveram R$ 605 roubados, além de celulares, cordões de ouro, relógios, bonés e sandálias. Teriam ainda sido obrigados a gravar vídeo de conteúdo sexual.
A prefeitura inaugurou, ontem, um Centro de Mediação de Conflitos na Coroa. Cerca de 200 mil pessoas que moram nas favelas da região do Catumbi serão beneficiadas. Os acordos feitos lá serão válidos em todo país, graças a uma parceria com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, TJ-RJ. Brigas entre vizinhos e reclamações contra concessionárias e até excessos cometidos em ações policiais estão entre as denúncias que serão recebidas no local.
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Coronhada e vários tapas no Itanhangá
Em outro caso de violência, policiais são suspeitos de agredir moradores do Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste, após uma festa na noite de Natal. As imagens mostradas no ‘RJTV’, da TV Globo, flagraram rapaz ensanguentado, que teria sido agredido. Testemunhas afirmaram que houve confusão e que os policiais que faziam ronda deram coronhada no rapaz e vários outros tapas em outro, que estava gravando com celular.
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