Por tabata.uchoa
Rio - Um oficial com perfil de diplomata assume hoje o comando da PM, uma tropa de extremos. A polícia que mais mata também tem seus homens entre os que mais morrem em serviço no país: de janeiro a novembro passado 23 PMs foram assassinados e 615 pessoas acabaram mortas em supostos confrontos com os policiais. É nesse cenário — agravado por denúncias de corrupção, truculência e atrasos nos pagamentos de gratificações —, que o coronel Edison Duarte dos Santos Júnior será nomeado para ocupar o comando-geral da instituição.
Coronel Duarte dos Santos tem 48 anos e ocupava a Coordenadoria Especial de Assuntos OlímpicosDivulgação / PM

Ex-chefe da Coordenadoria Especial de Assuntos Olímpicos, o coronel Duarte já começa o ano com cinco PMs baleados. Em pouco menos de 48 horas, quatro policiais foram feridos no estado em diferentes situações. O caso mais grave foi o do sargento Vantuir Nascimento da Silva, de 43 anos, que foi atingido por quatro tiros durante uma suposta tentativa de assalto a um posto de gasolina na entrada de Ponta Negra, em Maricá, na madrugada de sábado.

Já nos primeiros minutos de 2016, um PM foi baleado no primeiro ataque de bandidos, que aconteceu no Largo da Batalha, em Niterói. O PM, que não teve o nome divulgado, foi atingido de raspão no braço. Ele atuava no Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). Também no sábado, dois policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins de Vasconcelos acabaram feridos durante patrulhamento na comunidade: um pela manhã e outro à tarde. Todos foram socorridos e não correm risco de vida.
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Os ataques a policiais em comunidades patrulhadas por UPPs também é um grave problema a ser encarado pelo coronel Duarte. Os constantes conflitos entre traficantes e policiais de unidades pacificadoras resultaram nas mortes de 12 policiais até a primeira quinzena de dezembro. O número representa mais da metade dos registros de mortes de PMs em serviço computados no estado.
Aos 47 anos, Edison Duarte Jr. é formado em Direito e tem MBA em Gestão de Segurança Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O oficial também tem larga experiência como observador com atuação em missões internacionais na República Dominicana, Haiti, África do Sul, Israel, Londres e Panamá, onde idealizou e foi gestor do convênio com o governo panamenho para a implantação do modelo de Unidade de Polícia Pacificadora naquele país.
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Entre 2009 a 2013, o coronel esteve à frente da preparação e planejamento da PM para os grandes eventos, em especial para a Copa das Confederações da Fifa e Jornada Mundial da Juventude. No mesmo período, coordenou a gestão de relações Institucionais e contatos interagências com instituições de pesquisa, agências policiais e de segurança pública de outros países. Duarte Jr. comandou o 4º Batalhão de Polícia Militar (São Cristóvão), unidade responsável pelo patrulhamento ostensivo nos arredores do Estádio do Maracanã na Copa do Mundo de 2014.