“Só no meu setor foram demitidos 15 colegas hoje. Há muita gente em desespero, chorando por conta da situação. O quadro é desolador”, afirmou um engenheiro, ressaltando que até estandes para as rescisões de contratos foram montados em vários pontos da empresa. Na próxima semana, especula-se que o número de demitidos poderá atingir 1,2 mil trabalhadores.
No final da tarde, um grupo de pessoas ligadas à Igreja Católica, a diversos sindicatos, entidades de classe, partidos políticos e movimentos sociais, distribuíram uma carta de repúdio contra as demissões na principal entrada da CSN, na Vila Santa Cecília. O ato, prejudicado por falta de um caminhão de som, também convocou a população para outra mobilização, um protesto no dia 14, às 17h, na Praça Juarez Antunes.
“NÃO ÀS DEMISSÕES DA CSN E EMPREITEIRAS! NENHUM DIREITO A MENOS!
Companheiros e companheiras,
Em dezembro de 2015, pouco antes das festas de fim de ano, o Sindicato dos Metalúrgicos, juntamente com os funcionários da CSN, recebeu a notícia desastrosa de ameaça de demissões, que segundo informações podem chegar a 3000 trabalhadores e trabalhadoras, ou até ultrapassar esse número, entre administração da empresa e terceirizados. Uma demissão desse porte tem reflexo direto na população de Volta Redonda e região, serão mais de 3000 famílias atingidas pelo desemprego. A explicação da empresa, que mais tem cara de desculpa, é de que a CSN não está tendo lucros. Será que realmente a CSN não está tendo lucro? A verdade é: Benjamin Steinbruch e a direção da CSN querem que os trabalhadores paguem, a duras penas, por sua vontade de mais lucro. Um dos objetivos da empresa é pôr fim ao turno de 6 horas, conquista histórica da greve de 1988 com a morte de três trabalhadores, e ainda quer a suspensão imediata do pagamento do adicional de 70% do abono de férias; implantação do banco de horas para os empregados de Volta Redonda e Porto Real; a suspensão imediata do pagamento do adicional de horas extras e hora noturna acima da prevista pela CLT; suspensão temporária do pagamento do abono de hora noturna; suspensão temporária do abono pecuniário; aumentar em 25% a participação dos empregados no fator moderador dos planos de saúde e odontológicos; retorno da participação dos empregados no cartão alimentação em 10%; acúmulo de funções aos funcionários, entre outras propostas de retiradas de direitos. Ora, sabemos que há anos a CSN sempre vem tentando, através de pressão, acabar com o turno de 6 horas. Não aceitaremos, de forma alguma, qualquer retrocesso! Nenhum direito a menos para os trabalhadores. Quando a nossa empresa foi privatizada, Steinbruch levou a CSN com preço de banana, comprando por um valor 30 vezes menor que o valor real. Com isso, levou também a Cicuta e 25% das terras urbanas de Volta Redonda. O que seria melhor pra nossa cidade? Que a CSN continuasse estatal ou fosse doada para Benjamin Steinbruch numa “promoção irrecusável: compre a empresa e leve a metade da cidade”. O que sabemos é: desde a sua privatização a CSN vem ceifando empregos, cada vez mais e mais na nossa cidade e na região, tudo em nome do lucro! Dando aos seus empregados um dos piores salários do setor siderúrgico e chantageando, sempre que pode todos os seus funcionários como agora faz com a promessa de demissão. A estimativa de 3000 trabalhadores na rua atinge aproximadamente 12.000 pessoas diretamente. Atinge o comércio, atinge serviços públicos, como educação e saúde da nossa cidade e região. A luta não é apenas dos metalúrgicos. É uma luta de toda a cidade. De toda a região Sul Fluminense. Não deixaremos e não podemos aceitar 3000 famílias serem desamparadas e desempregadas em nome da lucratividade de Benjamin Steinbruch que quer e tenta, a qualquer custo, mandar em nossa cidade! A regra é clara: nenhuma demissão! Não a redução de direitos! Permanência do turno de seis horas! Por isso convocamos toda a população junto com o Sindicato dos Metalúrgicos e Sindicato da Construção Civil, Sindicato dos Engeheiros e todos dos movimentos sociais, igrejas e população a estarem conosco dia 14 de janeiro no ato em frente à CSN, às 17 horas, na Praça Juarez Antunes, contra as demissões, em defesa do emprego junto com os trabalhadores e trabalhadoras de Volta Redonda e região!