Laudo aponta 25 lesões no corpo da pequena Micaela
Madrasta e pai da menina morta em Brás de Pina, com indícios de espancamento, estão em celas isoladas de Bangu
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Os exames iniciais no corpo de Micaela, de 4 anos, dão as pistas do sofrimento da menina, encontrada morta na manhã de terça-feira. Segundo o laudo cadavérico emitido pelo Instituto Médico Legal, foram ao menos 25 lesões. A maior delas, na cabeça, media 6,5 cm. O documento aponta que Micaela pode ter sofrido traumatismo craniano e edema encefálico. O pai e a madrasta, apontados como autores, foram presos preventivamente nesta quarta-feira e transferidos da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Por segurança, o casal foi colocado em celas isoladas.
Na decisão, o juiz Paulo Mello Feijó, da Vara do Plantão Judicial da Capital, informou que há indícios suficientes da autoria do crime cometido por Joelma Souza da Silva, 43, e Felipe Ramos da Silva, 30. O magistrado usou como base depoimentos do filho de Joelma, Wellington Souza da Silva, 25 — que vivia com a mãe, o padrasto e Micaela —, de vizinhos da família e dos policiais militares que encontraram o corpo da menina sala de casa, em Brás de Pina.
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“Wellington relatou que sua genitora agredia constantemente a criança, sempre com a permissão e até na presença do genitor desta”, ressaltou o juiz. Segundo ele, a prisão preventiva é necessária para garantia da ordem pública e evitar fuga do casal.
O laudo, apesar de apontar que a menina apresentou cinco pequenas escoriações na lateral esquerda do pescoço, não confirmou a causa da morte nem o instrumento utilizado nas agressões. As respostas para essas questões dependem de exames laboratoriais solicitados pelo IML. A perícia será concluída em até 30 dias.
A mãe de Micaela, Marcele de Almeida Rocha, prestou depoimento na DH na madrugada desta terça-feira. Ela contou que a guarda foi repassada ao pai depois que ficou desempregada, quando a menina tinha 2 anos. Marcele alegou nunca ter notado vestígios de agressão na garota e afirmou que o ex-companheiro não a deixava ver a filha. No Natal, o encontro que as duas teriam foi inviabilizado. Ela afirmou que talvez fosse para não ver as marcas das agressões que a menina vinha sofrendo.
Pai acusa a madrasta
Filho de Joelma, Wellington, que morava com o casal há oito meses, diz que sua mãe sempre foi agressiva com “qualquer um que pisasse no calo dela”. “Ele (o pai de Micaela) nunca levantou um dedo para bater, mas também nunca defendeu a menina”, acrescenta.
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O relato do homem, que chamou a polícia ao ver Micaela morta na manhã de terça, reforça a suspeita da DH de que Felipe Ramos era, ao menos, conivente com as agressões que a filha sofria. Já o advogado, Rafael Faria, que defende Felipe, diz: “Ele é inocente”. Faria afirma que o crime foi cometido pela madrasta, que nega. O casal responde por homicídio qualificado e fraude processual, por ter alterado a cena do crime.