'Com tinta você não mata, não rouba ninguém', diz jovem agredido na Saara
Os três grafiteiros prestaram depoimento nesta quinta-feira na 4ª DP. Um dos agredidos espera que a Justiça seja feita
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Os três jovens que foram agredidos e tiveram os corpos pintados com tinta spray por homens que faziam segurança na região da Saara prestaram depoimento na 4ª DP (Praça da República) nesta quinta-feira. O objetivo é identificar os agressores e, segundo um dos grafiteiros, o depoimento foi esclarecedor e ele espera que a Justiça seja feita.
"Não só por mim não, mas por todo mundo que já sofreu isso e continua sofrendo dentro da minha cultura. Na minha opinião, com tinta você não mata ninguém, com tinha você não rouba ninguém. Pelo contrário, faz parte de uma das vertentes do hip-hop que tem o objetivo de incentivar as pessoas e alertar contra pessoas dessa mesma índole que estão soltas por ai e sendo impunes de tudo. Só espero que a Justiça seja feita e que mais pessoas não tenham que passar por isso de novo", disse Felipe.
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O trio vinha de Santa Teresa, onde haviam realizado a grafitagem de uma praça. Quando estavam na região da Saara, eles pediram autorização para uma pessoa — que seria segurança do local — para fazer um grafite. Logo depois, os agressores apareceram. Felipe disse que os homens também se identificaram como seguranças da Saara e, inclusive fizeram ameaças de morte contra eles. "Eles se denominaram como seguranças. O sentimento é de revolta, não só por mim mas pra todo mundo. Nós somos vítimas, não devemos passar por isso não. Sofremos ameaças de todas as partes", contou.
Homens que agrediram jovens não são seguranças da Saara, diz entidade
?A Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (S.A.A.R.A) informou, na tarde desta quinta-feira, que os homens que agrediram e pintaram com tinta spray três jovens grafiteiros, na noite do último sábado, não são seguranças da entidade.
Em nota, a S.A.A.R.A repudiou o ato de violência e disse que não possui equipe de segurança em atividade à noite, que é contatada por lojistas. "A segurança dos nossos clientes é feita de segunda a sábado, durante o funcionamento das lojas. Não havendo, porém, controle sobre a contratação de segurança privada por parte dos lojistas."
A entidade disse que está auxiliando nas investigações da polícia, mas que é impossível localizar os autores e quem seriam os contratantes. A sociedade ressaltou que a atua na região há mais de 50 anos e que "que zela pela segurança de seus clientes, assim como de seus lojistas, mas repudia qualquer ato de violência."