Por paulo.gomes
Rio - A Delegacia de Homicídios (DH) da Capital já identificou alguns suspeitos do sumiço do cabo do Exército, Jorge Fernando Souza, de 30 anos, e do ex-paraquedista militar e estudante de administração Cleiton Felipe Massena de Souza, de 22. Eles foram mortos por traficantes do Complexo do Chapadão na madrugada da última segunda-feira. Segundo o delegado titular da especializada, Fábio Cardoso, a versão de que as vítimas foram torturadas não é verdadeira.

"Os traficantes confundiram os dois como informantes, os famosos x-9. A investigação da DH mostra isso. Sabemos que usaram o Fox Preto de um deles para desovar os dois corpos. Não teve tortura. Foram mortos a tiros", contou.

Cabo do Exército%2C Jorge Fernando Souza%2C de 30 anos%2C foi assassinado após ser torturado por traficantes do Complexo do ChapadãoReprodução Facebook

Os dois trabalhavam como motoristas de uma cooperativa de táxi executivo, na Pavuna. No domingo, um bandido solicitou uma corrida para a Praia de Grumari, na Zona Oeste. Entretanto, Jorge teria recusado a corrida, o que gerou desconfiança por parte dos criminosos.

Os traficantes marcaram uma reunião com pelo menos quatro motoristas da cooperativa, na localidade conhecida como Final Feliz, e todos foram obrigados a entregar os celulares. No aparelho do cabo, os bandidos encontraram uma mensagem de voz, onde Jorge avisava que estava no morro. Segundo a polícia, esta seria a causa da morte do militar e de Cleiton.

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Os parentes de Cleiton, que não quiseram se identificar, confirmaram que os traficantes desconfiavam que os dois eram informantes da polícia. Para a família de Jorge Fernando, o cabo teria levado 60 tiros. Na mesma noite, um agente do Degase também foi sequestrado pelos bandidos, mas conseguiu escapar.
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O presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), João Luiz Rodrigues, contou que o agente levou coronhadas na cabeça e nas costas, depois rolou uma ribanceira e caiu na rede de esgoto, onde se escondeu por sete horas. “Cerca de dez bandidos atiraram, mas ele não foi atingido por sorte. Ele se escondeu no córrego de esgoto porque conhecia o local, já que mora perto dali. Está apavorado”, lembrou.
'Quero um enterro digno para o meu filho', diz pai de militar
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Elias Souza, pai de Jorge Fernando Souza, desabafou pedindo que o corpo do rapaz seja encontrado para que a família possa sepultá-lo. "Queremos achar pelo menos o corpo do meu filho para que ele possa ter um enterro digno. Sabemos que foi executado e não vai voltar", diz.

Em áudio enviado ao WhatsApp do DIA (98762-8248), Jorge manda um recado à namorada, dizendo que estava a caminho da localidade Final Feliz.

“Caso aconteça alguma coisa, você já sabe onde estou. Acredito que não vá acontecer nada não, mas não custa resguardar”, informou ele à namorada.

Cleiton Felipe trabalhava como motorista de um carro particular há sete meses no Chapadão.
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A família do estudante contou que o jovem recebeu uma ligação na madrugada de domingo para ir à comunidade. Ele tinha esposa e um filho de apenas 10 dias de vida.