Por tiago.frederico
Rio - Em plena véspera de Carnaval, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) soltou um alerta, que caiu como uma bomba entre os foliões: a saliva e a urina de uma pessoa com zika contém carga viral, de forma ativa e com potencial de infecção. Com a descoberta, especialistas já recomendam que pessoas com sintomas de virose e, sobretudo, grávidas evitem beijar na boca ou ter contato próximo, com pessoas que estejam doentes. Portanto, muito cuidado ao se deixar levar pelo canção: ‘Vou beijar-te agora. Não me leve a mal. Hoje é carnaval”.
O conselho também vale para pessoas com enfermidades autoimunes, como lúpus e sífilis. No comunicado, a entidade que já havia detectada a presença do Zika vírus no leite materno, encontrou o mesmo agente na urina de pessoas infectadas pelo mesmo vírus. Por conta da descoberta, o Ministério da Saúde pediu mais cuidados como lavar bem as mãos e evitar compartilhar copos, escovas de dentes, talheres de terceiros. Além das atuais medidas, prevalecem o pedido para usar preservativos nas relações sexuais, já que também nesta semana, foi constatada a transmissão por sexo sem prevenção.
Zika vírus na saliva%2C na urina e até no leite maternoArte O Dia

Embora a extensão da zika ainda seja desconhecida por cientistas e não haja caso de transmissão pela saliva, pela urina ou pelo leite materno, o momento não é para pânico, mas de cautela. Até o aleitamento materno já está em discussão no comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria. O medo é de que, assim como é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), a zika também possa ser transmitida pelo leite humano.

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Para os beijoqueiros de plantão, há esperança de que a acidez da boca e do estômago destruam o vírus. Quem traz a luz no fim do túnel é o professor de infectologia pediátrica da universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edimilson Migowski. “Ainda não é determinante a transmissão por saliva e um item que vai se estudar é justamente se o vírus é resistente ao ponto de manter características contaminantes, após passar pelo PH de outra mucosa e ainda pelo ácido clorídrico, presente no estômago”, explicou ele.
Expelir saliva, como tosse e espirros, também gera recomendação às gestantes e pacientes de doenças crônicas. “Em tese, se puder evitar a curta distância, menos de um metro, de uma pessoa que esteja tossindo ou espirrando, é bom”, diz Migowski.
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Fiocruz defende aleitamento
Após a confirmação do contágio da doença por relações sexuais, divulgada por médicos americanos nesta semana, a preocupação de médicos agora volta-se para o aleitamento materno e alimentação de crianças com leite humano.
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A falta de sorologia para zika_ exame que confirma ou não a enfermidade_ seria motivo para o médico Paulo César Guimarães, membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio, sugerir a suspensão da amamentação. “É um vírus novo. Se a carga viral contamina via sêmem, há possibilidade de também ser transmitido pelo leite humano”, alerta.
O infectologista Alberto Chebabo da Universidade Federal do Rio(UFRJ) é a favor do aleitamento materno. “A presença de vírus no sangue não quer dizer que o contato culminará no contágio. Não temos registro de complicação do vírus em crianças já nascidas”, recorda Chebabo.
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O Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Sociedade Brasileira de Pediatria defendem a amamentação até que se confirme a transmissão por esta via.