Por felipe.martins

Rio - O acidente aéreo que matou Eduardo Campos, então candidato à Presidência pelo PSB, foi há um ano e sete meses, mas ainda não foram levados à Justiça Eleitoral comprovantes da doação de horas de voo e de despesas com salários, hospedagem e alimentação dos tripulantes. Toda a prestação de contas deveria ter sido entregue até 14 de novembro de 2014.

Apolo Vieira — um dos dois empresários que, segundo a campanha de Campos, doaram horas de voo e bancaram os gastos das viagens — sustenta, na Justiça do Trabalho, que não tinha qualquer relação com o jatinho acidentado, o Cessna Citation PR-AFA. O outro empresário, João Carlos Lyra Filho, admite ter doado horas de voo para a campanha , mas nega qualquer responsabilidade técnica sobre o avião que afirma nunca ter sido seu. Ninguém assume ser o responsável pelo jatinho.

Não é com eles

Nos processos movidos pelas famílias do comandante e do copiloto, o PSB, a empresa A F Andrade — arrendatária oficial do Cessna — e Marina Silva (vice na chapa do ex-governador pernambucano) também dizem que não eram responsáveis pela operação do jato.

Sem relatório

Administrador financeiro da chapa de Campos, o advogado Renato Thièbaut disse ao Informe que Vieira e Lyra doaram as horas de voo e se responsabilizaram pelas despesas do avião. Ressalvou, porém, que só poderá apresentar as informações à Justiça Eleitoral depois de receber, da Agência Nacional de Aviação Civil, uma estimativa das horas voadas. Mas desde 20 de janeiro a relação dos 105 voos realizados pela campanha, entre 17 de maio e 13 de agosto de 2014, está disponível na internet, no relatório da Aeronáutica sobre as causas do acidente.

Contrato
Em 15 de maio de 2014, Lyra assinou com a AF Andrade uma intenção de compra do jatinho, que havia sido arrendado junto ao fabricante. No documento, o empresário diz que, se a transferência não fosse aprovada pela Cessna até 16 de junho daquele ano, os valores que ele pagara pelo avião, referentes a parcelas do contrato de leasing que estavam atrasadas, seriam convertidos em horas de voo.

Não é dono
Em julho do ano seguinte, ao contestar uma ação das ações trabalhistas, os advogados de Lyra foram enfáticos. Afirmaram que seu cliente “não era e nunca foi proprietário ou explorador da aeronave acidentada, e tampouco era empregador do piloto da aeronave acidentada”.

Horas de voo

Os advogados de Lyra confirmaram a cessão de créditos em horas de voo para a campanha de Campos. Ressalvaram, porém, que a AF Andrade era a exploradora do avião. Segundo eles, “toda a intervenção técnica era realizada pela AF Andrade, destacando-se, por exemplo, a escolha do comandante”.

Projeto frustrado

O advogado de Vieira foi mais enfático. Disse que o empresário “jamais foi proprietário ou utilizou a aeronave acidentada” e nunca assumiu a condição de arrendatário do Cessna. Segundo eles, seu cliente iria constituir uma empresa de táxi aéreo com Lyra, projeto que foi frustrado pela não transferência do avião.

‘CONVIDADA’ DE EDUARDO CAMPOS

Na Justiça do Trabalho, o PSB e Marina também negaram qualquer responsabilidade sobre o avião. Ela admitiu ter voado oito vezes no jato que se acidentaria em agosto de 2014, mas sempre na condição de “convidada” de Campos. Segundo seu advogado, a legislação eleitoral diz que são independentes as contas de candidatos a presidente e a vice. No TSE, porém, não há registro de receitas ou despesas de sua campanha a vice — o mesmo ocorre com os candidatos que concorreram ao mesmo cargo em 2014.

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