'A sociedade tem de subir o morro', afirma Beltrame
Secretário de Segurança quer trazer o processo de pacificação para ser debatido pelos formadores de opinião
Por thiago.antunes
Rio - ‘A sociedade precisa subir o morro. Lá, vai enxergar a realidade'. A receita, do secretário José Mariano Beltrame, é mesmo um desabafo. Há sete anos no cargo, pressionado pela sucessão, o secretário de Segurança do Rio não quer mais a tutela sobre a cidade e aposta numa nova estratégia: trazer o processo de pacificação para ser debatido pelos formadores de opinião, a fim de que cada um assuma sua parte.
“Recebo muita gente importante em meu gabinete, banqueiros que me perguntam o que preciso. Digo a eles: preciso que ponham uma bermuda e subam o morro”, defendeu o secretário, durante seminário para policiais, sobre UPPs . “As regiões carentes do Rio ainda estão muito ligadas ao assistencialismo. Quando você entra numa favela e pergunta o que querem, pedem um emprego para o filho.” Beltrame ilustra com um caso curioso: no início da pacificação de uma comunidade, a tampa da panela de pressão do morador explodiu e ele foi ao comandante da UPP para se explicar.
Tiros nas UPPs não são o fim da pacificação
“Dão dois tiros e as pessoas vão logo dizer que a pacificação acabou.” A frase, do próprio, é sintomática para o secretário porque, para ele, o Rio convive com uma “memória traumática da violência”. Por isso, diz Beltrame, a importância de se subir o morro para se entender a realidade vivida pela favela. “É como o empresário que não suja a sola do sapato no chão da fábrica. Se não fizer isso, vai ficar difícil para ele”, acredita.
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Uma geração até ajustar a pacificação
Beltrame insiste na tecla da percepção do que a sociedade quer para si. Para ele, há muitos que enxergam as comunidades como os locais de onde saem empregadas e faxineiras. “Isso precisa mudar”, defende. “Esta luta se vence na medida em que mais gente está do lado de cá, em vez de estar do lado de lá.” Para ele, apesar de não se saber o que pode sair da cabeça de um político, o processo de pacificação dificilmente será revertido caso a oposição chegue ao Guanabara. “O Rio ainda vai perder uma geração para arrumar a segurança pública.”
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Tim Lopes, exemplo de um tempo que acabou
Durante a palestra, Beltrame falou sobre o assassinato do jornalista Tim Lopes, morto sob ordem do traficante Elias Maluco no Alemão, em junho de 2002. Beltrame usou o exemplo para falar dos avanços conseguidos pelo processo de pacificação e também para motivar os policiais a permanecerem firmes. “Tim Lopes foi perseguido, preso, julgado e executado pelo poder paralelo. Veja, todos os ritos da sociedade comum foram usados pelos marginais”, conta. “Hoje, isso não acontece mais. A caminhada é longa.”
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Não foi bem assim...
A Secretaria Municipal de Habitação nega ter omitido informações sobre as remoções na cidade. Segundo nota, uma representante da Anistia Internacional esteve seis vezes na prefeitura para buscar dados.
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'Remoções' na Provi
E por falar no assunto, ‘Remoções’, de Luiz Pilar e Anderson Quack, eleito pelo juri popular como o melhor documentário no Recine 2013, será exibido na Providência, dia 13, e na Vila Aliança, no dia seguinte.
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Xô, baixa autoestima
Parceiro da ONG EducAfro, o pré-vestibular social Meta, em Campo Grande, começa 2014 com o pé direito. Além de preparar jovens para faculdade e concurso público, passa a dar atendimentos psicológicos. “Muitos chegam aqui com baixa autoestima”, conta Aline Maia, uma das voluntárias do projeto.
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Jardim sem prazer
Inaugurado dia 1º de novembro com ajuda exclusiva da iniciativa privada, o Jardim dos Prazeres, no antigo lixão da favela, sofre com o único equipamento entregue pelo poder público: o balanço e a gangorra. Enquanto plantas e rapel se mantêm firme, os brinquedos quebraram no primeiro dia. Alô prefeitura!
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Mangueira
O Centro Cultural Cartola faz neste sábado, às 16h, o ‘Estação Samba’ com os Velhos Malandros.
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Turista aprendiz
Estão abertas até 15 de janeiro as inscrições para oficinas do Projeto Turista Aprendiz, nas Bibliotecas-Parque do Complexo do Alemão, Rocinha e Manguinhos.
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Fala, comunidade
Começa terça, no Hotel Novo Mundo, na Glória, o 13º Fala Comunidade , evento que reúne experiências em saúde nas favelas brasileiras.
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AfroReggae
A Red Bull festeja os 20 anos da ONG com uma festa homenagem neste sábado no Quiosque do Pepê, às 11h30, e no Parque dos Patins, na Lagoa. Neste domingo a festa será no Aterro.
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A AGERIO premiou, com R$ 82 mil, 12 empreendedores que buscaram empréstimo este ano na agência de fomento. Bola dentro.