Por daniela.lima
Rio - Carioca da gema, Haroldo César de Castro Silva, 51 anos, há 28 divide seu coração entre
o samba e a Comlurb. Ultimamente, no entanto, uma nova paixão achou espaço na sua vida:
os livros. Domingo que vem ele lança seu terceiro trabalho (‘Toda Família Sambista’) em Turiaçu, Rocha Miranda. 
Responsável pelo programa Lixo Zero no Centro%2C Haroldo Silva agora narra a sua saga de sambista Uanderson Fernandes / Agência O Dia


“Lançar livro não é fácil”, conta, com voz de malandro, um dos responsáveis pelo programa Lixo Zero no Centro. “Tive que juntar dinheiro e fazer tudo de forma independente mesmo. Mas ainda procuro uma editora para lançar o livro fora do Rio”. Haroldo está sempre sorridente. Mas, ao falar das dificuldades para impor seu trabalho, o tom de voz muda e ele demonstra irritação.

Logo depois, porém, ao contar quem faz o prefácio do trabalho, o tom de voz muda novamente. Desta vez, orgulho. “O prefácio é do compositor Nei Lopes”, fala o autor de ‘Garimpando Composições’, de 2008, e ‘Vida de Gari’, de 2012.
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O livro de Haroldo está disponível em três livrarias do Centro: Follha Seca, na Rua do Ouvidor, 37; Leonardo da Vinci, na Avenida Rio Branco 185, subsolo; e na Livraria Cultura, Rua Senador Dantas, 45.
‘Toda Família Sambista’ gira em torno do mundo do samba em uma favela carioca, incluindo histórias de amor, traição e muita malandragem. “Incluí na história sambas enredos meus, mas que não foram escolhidos pelas escolas. Sabia que um dia seriam úteis.”
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Desde 1997, Haroldo é compositor da Imperatriz Leopoldinense. Nenhuma de suas canções
foi aproveitada pela escola de Ramos até hoje, mas não passaram pelo olhar atento de grupos famosos, como o Fundo de Quintal, por exemplo.
A Acadêmicos do Engenho da Rainha também já gravou três enredos dele, que compõe para a
escola desde 1990. “Gosto tanto de samba que montei uma birosca na porta de casa só para fazer uma roda com a rapaziada”, entrega. Mas, como malandro que é malandro não vacila, Haroldo aproveita a notoriedade e dá seu recado: amor de verdade, daqueles profundos, só tem um: Neri Terezinha, sua esposa. “Não foi fácil conquistar essa mulher. Para falar a verdade, ainda estou tentando”. Haja lábia!
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Paixão começou em Manguinhos
Apesar de sempre ter composto, a vida artistíca desse homem risonho começou a mudar em
2011, quando conheceu a Biblioteca Parque Manguinhos durante seu trabalho. “Fui lá e vi
aquele prédio lindo, entrei e nunca mais saí. Lá fiz oficinas de teatro e cinema, cursos e participo do Núcleo Editorial Setor X”, enumera orgulhoso.
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Mas a conta não termina aqui: afinal ele não para e ainda se divide com os trabalhos nas ruas e um grupo teatral Manguinhos Encena, que reestreou o espetáculo Sintonia Suburbana. “É o nosso segundo ano. No grupo teatral descobri que posso escrever e agora sou roteirista.” Ele também está aprendendo a editar, pois no núcleo editorial que participa, se aprende na prática. “Não é fácil, mas o que aprendo pode me ajudar a diagramar meus livros. Ah, e o Carnaval já está chegando novamente, estou me preparando.”