Por thiago.antunes

Rio - Reunidos em volta da mesa, 20 crianças jogam dados. O que parece um jogo é, na verdade, uma aula de história africana. Angu, feijoada e acarajé fazem parte da brincadeira. Pesquisados pelos alunos, os pratos se espalham por uma mandala, onde uma informação puxa outra. “É a Mandala do Conhecimento”, conta Rose Carol, 32, coordenadora da ONG Arte de Educar, há 15 anos funcionando no contraturno das escolas que servem a região da Mangueira.

'Dialogamos com as escolas para saber o que eles estão aprendendo e definimos o que vamos ver na Mandala', diz Rose CarolPaulo Araújo / Agência O Dia

“Dialogamos com as escolas para saber o que eles estão aprendendo e definimos o que vamos ver na Mandala. Ela ajuda a ver as coisas de forma mais simples e clara.” A ideia surgiu ao acaso, numa reunião de equipe, há dez anos. A fundadora Sueli de Lima percebeu que, através da mandala, facilitaria a vida dos jovens em matérias difíceis. Deu certo. A partir do dia 23, a mandala entra em dez comunidades pacificadas do Rio.

Evasão Zero

Com idades entre seis e 15 anos, os jovens aprendem capoeira, dança e educação artística. O sucesso é tanto que há, na lista de espera, 197 crianças. “Hoje, atendemos 200 jovens e 50 adultos.” Levantamento da ONG mostra que o índice de aprovação de seus alunos na escola é 98% — entre não-alunos, 86%. “E não existe evasão escolar entre que faz a Mandala.”

A obsessão de Paes

O prefeito Eduardo Paes anunciou à coluna que as áreas pacificadas do Rio receberão 34 novas escolas até o fim de seu mandato, em 2016. Além de 19 na Maré, já conhecidas, serão construídas 15 no Batan, Manguinhos e Jacarezinho, áreas mais carentes, segundo levantamento da Secretaria de Educação. Detalhe: todas aptas a manter as crianças em turno único.

No Complexo da Maré, por exemplo, o cronograma prevê que, em dois anos, dez mil crianças estarão estudando em turno único nas 19 novas escolas, que se somam às atuais. A quantidade de alunos que serão atendidos em Batan, Jacarezinho e Manguinhos depende, no entanto, de detalhes como o tipo de terreno escolhido.

Ainda não se sabe quantas escolas cada uma destas três comunidades receberá — existem três tipos de EDIs, por exemplo, que variam com a demanda. O choque de Educação vai além da pacificação: com o ‘Fábrica de Escolas do Amanhã Governador Leonel Brizola’ a ordem é erguer 136 unidades em toda a cidade até 2016, num investimento de R$ 2,1 bi.

Na Tijuca, a 1ª leva

Dia 23, a metodologia da Arte de Educar comeca a ser implantada em dez favelas da grande Tijuca. Borel, Formiga, Andaraí, Turano, Mangueira, Tuiuti, Salgueiro, Barreira do Vasco, Providência e Macacos passarão por um encontro no Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Iserj), para capacitar professores e educadores no uso da ferramenta.

O BID vai até o Galpão Aplauso

Ivonette Albuquerque, que ontem deu partida à parceria entre seu Galpão Aplauso, a BrazilFoundation e a multinacional de segurança Tyco, recebe emissários do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na próxima semana. Eles vêm conhecer projetos em andamento e renovar a parceria por mais quatro anos. O Aplauso fica no Santo Cristo e faz um trabalho revolucionário baseado na autoestima dos jovens. A empregabilidade dos meninos e meninas que passam por lá ultrapassa a marca de 40%.

Barreira do Vasco

A antropóloga Hilaine Yaccoub organiza amanhã, com a associação de moradores da Barreira do Vasco, o Dia das Crianças da favela. Cebolinha, fera do Passinho, dará show.

Tabajaras

A ONG Satrápia faz oficina de conserto de brinquedos hoje na Praça Sara Kubitchek, em Copacabana, às 14h. Os brinquedos consertados serão doados à criançada do Tabajaras.

IPP nos Macacos

Será hoje, na Praça da Curva, das 14 às 20h, a 3ª Feira dos Empreendedores do Morro dos Macacos, com venda de alimentos e roupas, entre outros produtos e serviços.

A mais bela do Jacaré

O programa Rio + Social recebe, até sexta-feira que vem, inscrições de meninas entre 14 e 22 anos para o concurso ‘A mais bela entre elas’, da agência Jacaré é Moda.

Passeata no Alemão

Lideranças do Alemão fazem hoje, em passeata, nova tentativa de frear a violência no complexo, tomado por conflitos entre tráfico e polícia. Eles acreditam que o 1º passo tem de ser dado pela PM, que precisa voltar à filosofia inicial das UPPs, que pregava diálogo e proximidade.

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