Rio - Cerca de 30 prostitutas saíram em passeata, na tarde desta quarta-feira, da Avenida Amaral Peixoto, principal via de Niterói, na altura do prédio 327, por conta da prisão de duas profissionais do sexo na noite de terça-feira. Elas caminharam até a 76ª DP (Niterói) e fecharam o trânsito por uma hora.
A maioria delas estava com o rosto coberto por um lençol ou uma fronha. Vários carros tentaram furar o bloqueio, mas as mulheres dançavam na frente dos veículos. Com gritos de "Prostituição não é crime", "Libera as primas" e "Eu, eu, eu, eu só dou o que é meu", elas pediam a legalização da profissão.
O delegado da 76ª DP, Gláucio Paz, disse que nas últimas quatro semanas, 11 prostitutas foram presas no prédio de onde elas iniciaram a caminhada. O edifício é residencial, mas a maioria dos apartamentos até o quarto andar são salas de prostituição. De acordo com o código penal, alugar um apartamento para exploração sexual constitui crime. Paz também alegou que o prédio está em condições insalubres.
"Não tenho nada contra as meninas, mas ali naquele prédio vai acontecer uma tragédia. Não tem água tratada, não tem luz e tem quase uma caixa d'água por apartamento. Isso é um absurdo!", contou ele.
Gaby, de 24 anos, trabalha como prostituta há 4 anos e foi presa na terça-feira junto com sua colega de quarto. "A polícia chegou do nada e nos levaram sob alegação de estarmos cometendo exploração sexual. Não é exploração porque é consentido. Eu alugo o apartamento com a minha amiga e me prostituo no local. A profissão tem que ser legalizada", explicou.
Sobre o pedido de legalização da prostituição, o delegado afirmou que não compete a ele falar sobre o assunto. "Essa discussão só cabe ao poder legislativo", finalizou.
Por volta das 18h, duas faixas da via foram liberadas ao tráfego após a chegada de policiais militares ao local.