Por nicolas.satriano

Rio - O compromisso do governador Luiz Fernando Pezão, reafirmado há duas semanas, de licitar a obra da Linha 3 do metrô acenava para o fim da espera de uma promessa que se arrasta desde o primeiro mandato de seu antecessor, Sérgio Cabral. Mas o projeto que ligaria Niterói e São Gonçalo por trilhos — e Itaboraí futuramente — pode descarrilar e dar lugar a um corredor BRT até Maricá, como antecipou nesta quinta-feira o Informe do DIA

A alternativa mais econômica, em um momento de queda da arrecadação estadual, preocupa os especialistas. Segundo eles, o BRT não tem capacidade para atender à demanda do Leste Fluminense, que se prepara para receber o Comperj, polo petroquímico com inauguração prevista para 2016, em Itaboraí.

Wilcilene Sousa e o filho João Pedro%2C de 11 anos%2C atravessam a antiga rede ferroviária que existe na regiãoFabio Gonçalves / Agência O Dia

"O BRT é um quebra-galho, uma meia solução diante de uma solução completa. A Linha 3 tem uma demanda, hoje, de 500 mil viagens por dia, quantidade que justifica o metrô. Pode ser que o BRT atenda num primeiro instante, mas o transporte induz o aumento da demanda”, diz o professor de Engenharia de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj, que estima que o custo do corredor BRT seja um terço do valor da obra do metrô. A previsão era de que a Linha 3 custasse cerca de R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 2,57 já tinham sido prometidos pelo governo federal.

Professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Paulo Cézar Ribeiro indica que o BRT transporta 20 mil passageiros por hora por sentido, enquanto o metrô tem capacidade para 60 mil por hora. “Se o PDTU (Plano Diretor de Transporte Urbano, que está sendo atualizado) apontar demandas altas, a única solução é o sistema ferroviário. Colocar BRT é gerar problema”, alerta.

“Essa ideia é um retrocesso em termos de capacidade e de preservação do ambiente”, critica Eva Vider, mestre da UFRJ.

Moradores reclamam

Moradores de Niterói e São Gonçalo não aprovaram a possibilidade do projeto que ligaria Niterói e São Gonçalo por trilhos não sair do papel.

“Seria melhor ter um metrô. O transporte seria mais confortável e mais ágil. Com o BRT, os ônibus vão sair do ponto final já lotados”, esbravejou a vendedora Wilcilene Sousa, de 39 anos, moradora de São Gonçalo. “Na porta da minha casa passava um trem, prometeram um metrô e agora não teremos mais nada”, criticou o motorista Paulo César Amaral, 64, que mora na Rua Maurício de Abreu, em Neves.

Procurada pelo DIA nesta quinta-feira, a Secretaria Estadual de Transportes informou que ainda não existe definição sobre qual projeto será desenvolvido. “A Linha 3 está em fase de estudos e todos os projetos estão em análise”, informou em nota.

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